A Polícia Civil do Piauí, através da Superintendência de Operações Integradas, realizou uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (23), onde anunciou a delação premiada do influencer Itallo Bruno, que foi solto na tarde dessa segunda-feira (22). A polícia revelou ainda que não encontrou indícios do influenciador com facções criminosas.
A informação foi repassada pelo delegado Humberto Mácola, um dos titulares da investigação. O delegado falou que ficou constatado apenas a ligação de Itallo com jogos de azar. Itallo Bruno foi preso no dia 11 de janeiro, durante a "Operação Jogo Sujo" deflagrada Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
''Ao final da nossa investigação e dessa colaboração premiada nós mantemos o posicionamento do jogo de azar, da lavagem de dinheiro, o reconhecimento dele, da lavagem de dinheiro da organização criminosa, mas ao final dessa investigação nós chegamos à conclusão da ausência de participação em facção criminosa. Então existe essa diferença. A organização criminosa que foi verificada realmente por existência de uma velha empresa que funcionava irregular, ilegal, ilícito, mas a participação e o envolvimento, o vínculo tanto do investigado principal quanto da sua família, esse vínculo com facção criminosa, nós chegamos à conclusão que não existe. O que existiu foi uma transação pontual entre o investigado é um membro que não denota qualquer tipo de envolvimento, vínculo ou participação. Mas, reitero, o jogo de azar, a lavagem de dinheiro e a organização criminosa, o envolvimento, a empresa que funcionava irregular, isso existia e a gente mantém isso. Mas que não será discutido em virtude dessa colaboração premiada que tem participação a participação do Ministério Público, a homologação do Judiciário com a sua regularidade, com a sua legalidade, com a sua voluntariedade. E ao final, quem ganha é a sociedade", falou o delegado Humberto Mácola.
O delegado contou ainda que Itallo vai abrir mão de todo o dinheiro arecadado durante as rifas“Anunciamos que diante da investigação a defesa de um dos investigados realizou a colaboração premiada, prevista em lei, quando os investigados decidem colaborar com as investigações. Diante disso, o investigado abriu mão da totalidade dos bens, restando apenas alguns bens para garantir ressarcimento a eventuais e supostas vítimas, além de um bem de família. Ele reconheceu a lavagem de dinheiro, organização criminosa e jogos de azar e abriu leque para novas investigações”, finalizou o delegado Humberto Mácola.
DELAÇÃO PREMIADA
O advogado Lucas Villa, informou que o com a delação premiada, Itallo Bruno não vai responder judicialmente, terá a conta no perfil devolvida e receberá a autorização para fazer as rifas novamente dentro da legalidade.
"Esse acordo abre um precedente e inaugura um paradigma que é o paradigma do futuro da justiça criminal, o paradigma da justiça penal negocial. Nos crimes que não envolvem violência nem grave ameaça, não há sentido que o foco do trabalho da justiça seja apenas o de alocação de culpa e imposição de sofrimento. Nesses casos, o futuro da justiça criminal é a justiça penal negocial. Esse acordo celebrado, e a que eu parabenizo todas as autoridades envolvidas, a Diligência, o Cuidado e a Abertura da Polícia Civil do Estado do Piauí, do Ministério Público do Estado do Piauí, da própria Justiça na pessoa do juiz titular da Central de Inquéritos, por quem nós guardamos o maior respeito e admiração que já homologou esse acordo, todos abertos para esse mecanismo que é o mecanismo do futuro. Por meio desse acordo, o Italo Bruno, seus familiares e o Vinícius, amigo do Itallo Bruno, que também é meu constituinte, colaboraram com as investigações e em contrapartida receberam alguns benefícios, por exemplo, um principal benefício desse acordo é que eles não irão mais responder a uma ação penal, ou não haverá oferecimento da denúncia ou será aplicado o Instituto do Perdão Judicial por causa de extinção da punibilidade. Isso importa em uma absolvição imprópria. Em contrapartida a isso, colaboramos com as investigações, colaboramos com elementos necessários para que a polícia avance no esclarecimento de outras práticas delituosas que ocorrem no Estado do Piauí. O Itallo vai poder voltar às suas redes sociais, no Instagram do Itallo, isso fez parte também do acordo. Será restituído a ele, voltará com todos os seus seguidores e inclusive com autorização para que ele retorne a fazer suas rifas, desde que autorizado por autoridades competentes", informou o advogado de defesa.
"A pessoa ligada a facções criminosas, mas que era relativa cumpra e venda de um veículo que foi inclusive intermediada não foi feita diretamente pelo Itallo e essa pessoa, e o Itallo sequer sabia que essa pessoa tinha qualquer ligação com facção criminosa e isso a polícia conseguiu observar na investigação, então, hoje a gente pensa que foi um momento sem dúvida muito difícil pro Itallo e pra sua família, mas também um momento de amadurecimento momento de aprendizado e do retorno sem nenhum tipo de sentimento de mágoa muito pelo contrário sentimento de gratidão para com as autoridades do estado do Piauí que tiveram cuidado de ouvi-lo, de ouvir sua defesa de possibilitar esse retorno e essa tentativa de dar volta por cima e pelo rapaz humilde de origem que começou batalhando a partir do zero e conseguiu crescer mas cresceu de forma muito amadora e cresceu executando uma atividade que necessita de determinadas autorizações que ele não possuía, que era a exploração dos sorteios ele agora retorna, vai poder explorar essa atividade novamente mas vai explorar essa atividade dentro da lei, tudo regularizado para que ele possa a partir de agora tocar novamente sua vida se em dois anos trabalhando de forma amadora ele conquistou o que ele conseguiu conquistar a partir de agora trabalhando dentro da lei, com assessoria adequada em matéria jurídica, em matéria contábil o Itallo agora tem toda perspectiva de vida e de mundo para decolar novamente com sua vida e agora dentro da lei e sendo um amigo da Polícia Civil do Estado do Piauí, comprometido em atuar sempre dentro da legalidade, em colaborar em tudo que a Polícia Civil do Estado do Piauí, que o Ministério Público do Estado do Piauí e a Justiça do Estado do Piauí precise para esclarecer qualquer prática criminosa em que ele possa por ventura ser útil. Essa é a nossa manifestação", concluiu a defesa.
INDICIAMENTO
O relatório policial excluiu o indiciamento do servidor da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), Lucas Soares Campos de Carvalho, Thales Victor Costa, José Phablo Rangel Oliveira dos Santos e Paulo Henrique Araújo de Moura.
Itallo Bruno, segundo a polícia, utilizava seu Instagram para promover rifas, recebendo dinheiro proveniente de atividades ilícitas, e empregava dados de terceiros em seus veículos para ocultar seu patrimônio.
De acordo com as informações do inquérito, a mãe de Itallo, Lucilene Nunes, era a responsável por negociar a compra de imóveis e, bem como ocultar o patrimônio do influencer colocando imóveis, tais como chalés em Barra Grande em seu nome quanto veículos.
A irmã, Sâmia Camylla, por sua vez, possuía um apartamento no condomínio Jardim de Manuela registrado em seu nome, adquirido, segundo a polícia, como uma forma de lavar dinheiro ilícito e posteriormente transferido para Sâmia para ocultação.
Emilly Christine desempenhava um papel na ocultação e pulverização do patrimônio de Itallo Bruno, enquanto Marcos Victor era apontado como conselheiro contábil e jurídico, responsável por legalizar o dinheiro proveniente de atividades ilícitas.
Outros membros da operação incluíam Lucilene Nunes, responsável por negociar a compra de imóveis e ocultar patrimônio, Valdir Sousa, ativo na ocultação de patrimônio através de veículos, Vinicius Alves, gerente de Itallo Bruno, Israel Veloso, envolvido no jogo de azar e lavagem de dinheiro, Kelton Douglas, braço direito na organização de rifas, Rikelme de França, operando sob as ordens de Itallo Bruno em tarefas relacionadas ao jogo de azar e compra de automóveis, e Letícia Evelyn, que promovia jogos de azar e organizava rifas.
Foram expedidos 15 mandados de prisão e busca e apreensão, revelando movimentações financeiras entre os envolvidos e facções criminosas. Itallo Bruno, com quase 680 mil seguidores no Instagram, é conhecido por ostentar motos de luxo e promover rifas com prêmios atrativos. Durante as investigações, foram encontradas ligações bancárias entre os acusados e um membro de facção criminosa, indicando envolvimento em lavagem de dinheiro para a organização.
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