NADA ESTÁ TÃO QUENTE ENTRE O CÉU E A TERRA QUE NÃO POSSA SUPERAQUECER

É indubitável que teremos mais eventos climáticos extremos pela frente.

Mudanças climáticas, devastação, aquecimento global, e agora, quem poderá nos defender?

Assisti recentemente a uma entrevista de um Deputado Federal, demonstrando sua preocupação e explanando os dados assustadores do ‘buraco’ em que nos metemos, no que tange a atual situação climática mundial. De acordo com o parlamentar, cientistas alertam que, se os governos nada fizerem, TEREMOS 250 MIL MORTOS POR ANO, EM CONSEQUÊNCIA DO AQUECIMENTO GLOBAL NO MUNDO, ENTRE OS ANOS DE 2030 E 2050. Fiquei assustado duplamente com a informação: tanto com o que disseram os cientistas, quanto com os heróis credenciados para nos salvar da hecatombe climática.

Eu cresci aprendendo nas aulas - de Geografia principalmente - que dificilmente o mundo suportaria a “dois Estados Unidos”. No país do Tio Sam existem praticamente um automóvel para cada adulto, desponta como o primeiro do ranking consumista mundial, 80% da população se enquadra no perfil de “sociedade de consumo”. A China, vem em 2º lugar no ranking, tem somente  19 % de seu povo incluso no patamar de consumista que, segundo os estudos são os que gastam cerca de R$ 20 mil ano (ONU-State Of The World 2004). Os números são frios, são o retrato de um momento, de uma situação em um determinado espaço de tempo, são estatísticas. Para o escritor de “O Auto da Compadecida” existem três tipos de mentiras: A mentira comum, a mentira deslavada e a estatística.

Deixando de lado os números, a política e a mentira deslavada tentemos nos ater ao que realmente está sendo feito de concreto para mitigar os efeitos das mudanças climáticas mundial. Na catástrofe no Rio Grande do Sul, por exemplo, acompanhei com uma certa ponta de desconfiança o noticiário na segunda semana da enchente. Um entrevistador interpelava a um gestor local, sobre o que seria feito para impedir o avanço das águas a um lugarejo que - segundo as previsões – atingiria o patamar de 3,30 metros na madrugada. Ele respondeu com um ar de satisfação: “Faremos um muro de contenção de 3,40 metros.” Desgraçadamente, somente míseros 10 centímetros garantiriam a segurança, e davam à exatidão numérica da previsão climática toda creditação, que não se pode atribuir a boa parte da casta político- administrativa, responsável pela promoção e prevenção de catástrofes dessa monta.

Sei o quanto é cômodo conjecturar à distância, emitir opiniões estando longe do “olho do furacão”, mas, os dez centímetros a mais do muro de contenção nas enchentes no Rio Grande do Sul nos serve como parâmetro para nos fornecer a dimensão de quanto nossos governantes estão despreparados para nos salvar da catástrofe que se avizinha. Eventos climáticos extremos como os que aconteceram no sul do país serão uma constante pelo planeta, segundo os cientistas. Basta uma simples consulta em sites fidedignos na internet, para comprovar que não se trata somente de uma profecia do fim do mundo.  

A bem da verdade é necessário dizer que somos todos inquilinos do planeta. Não há como culpar um determinado segmento social ou um país em específico pela situação em que o globo chegou, todavia, também vale dizer que são as grandes corporações, os países mais ricos e a classe governante mundial que tem a obrigação de tentar reverter o quadro caótico, aplicando recursos, diminuindo o consumo e implementando políticas públicas e infraestrutura adequada para o “novo normal” que nos espera.

Vai ser difícil, tanto físico como juridicamente, diminuir a emissão de gases poluentes, que ocasionam o efeito estufa, por exemplo. Isso passa pelo decréscimo da produção mundial de bens de consumo. Nenhum país quer diminuir vertiginosamente sua produção de automóveis. Nenhum cidadão comum quer ir a pé para padaria da esquina. Ninguém quer abrir mão de suas regalias. O lucro fala em primeiro lugar. As economias mundiais também estão em jogo.

É indubitável que teremos mais eventos climáticos extremos pela frente, e eventos extremos somente podem ser combatidos com ações administrativas igualmente extremas, gestões pujantes e arrojadas. Não serão dez centímetros de muro a mais que vão salvar a humanidade.

 

Maurício Lopes – Administrador – Especialista em Gestão Empresarial