Somente quem for capaz de sopesar entre o “É melhor mal acompanhado do que só” e o “Antes só do que mal acompanhado”, poderá tirar proveito da difícil arte de se relacionar.
Era dos nossos pais a extenuante tarefa de sempre tentar filtrar as nossas amizades, nossos relacionamentos, de impor regras que tentassem estabelecer um limite seguro de conexões saudáveis, que imaginavam ser ideal para nosso crescimento como pessoa e fazer tudo isso sem deixar transparecer como mero tolhimento de nossas relações.
No campo dos negócios existe uma abordagem pautada no incentivo ao relacionamento e que apregoa a prática de se criar vínculos de amizades, principalmente através de pessoas com interesses comuns, a fim de que se possa extrair bons frutos, intitulada de Networking. Segundo José Roberto Marques - referência em Desenvolvimento Humano - Networking nada mais é do que a habilidade de fazer e manter contatos profissionais sólidos e que são benéficos tanto para você quanto para os outros.
Recentemente ‘maratonando podcasts’ de outra rede de relacionamento - a internet - me deparei satisfatoriamente com uma entrevista do Jornalista André Barcinski, autor do livro sobre a vida do cantor Nelson Ned. O artista, mesmo com as agruras que a vida lhe impôs, atingiu números impressionantes em que poucos artistas à época chegaram a alcançar. Nelson vendeu em torno de 45 milhões de discos no auge de sua carreira e despontou como um dos dez maiores em vendas, aclamado em várias partes do mundo.
Dono de uma voz icônica Nelson Ned ‘estourou’ na década de 60, época em que o rádio ainda era um dos mais importantes veículos de comunicação. O mundo lá fora havia se acostumado a ouvi-lo e admirá-lo sem, no entanto, ainda tê-lo visto pessoalmente. Segundo os relatos do biógrafo de Ned, certa feita na chegada ao aeroporto de Angola mais de 3 mil pessoas o aguardavam para recebê-lo. Quando a figura diminuta aparece no saguão e se depara com a multidão ansiosa por conhecê-lo, sua comitiva percebe que ninguém havia o notado. Foi então que seu empresário e amigo resolve colocá-lo sobre os ombros e, eis que o artista se agiganta, impondo-se com sua voz tonitruante e cantando à capela de ‘Tudo Passará”. Alvoroço total!
Nelson Ned como todo artista e empresário precisou aumentar sua rede de contatos. Expandir sua Networking. Necessitava acrescer seus ganhos, suas economias, afinal de contas sua vida airada, entregue ao álcool, a luxúria e a gastos exorbitantes impunha isso. Nessa busca frenética de melhorar sua carteira de clientes começou a excursionar para Colômbia, passando a interagir com diversas pessoas de condutas nada ortodoxas, dentre as quais um ilustre e até então desconhecido, Pablo Emílio Escobar Gaviria. Foi a partir dessa nova rede de conexões, que supõe ser o degringolar da vida de um dos maiores cantores da história do Brasil.
É preciso sempre mantermos uma boa rede de relacionamento em nossa vida particular ou de negócios. Devemos estar atentos ao que nos ensina a gestão, através de sua Networking Empresarial, mas, sempre também nos mantermos fiéis aos conselhos de nossos pais, quanto a que tipo de amizades estamos nutrindo. Mais importante do que ter uma grande quantidade de amigos é a qualidade moral e a integridade dos componentes inseridos em nossa rede de relacionamento.
Vale dizer que sempre surgirão pessoas que nos porão nos ombros nos momentos alvissareiros. Sempre nos estenderão o tapete vermelho em tempos de ‘vacas gordas’, mas, se tudo começar a dar errado miríade amizades darão vez a uma quantidade cada vez menor de amigos.
Por tudo isso é importante sempre cultivar os bons relacionamentos, evitando as amizades fáceis de consequências difíceis. Ter a consciência que tempos ruins inadvertidamente aparecerão em nossas vidas e serão os verdadeiros amigos o ‘fiel da balança’, no enfretamento de eventuais crises. Somado a isso, é de bom alvitre sempre que estivermos passando por alguma turbulência ouvir o reconfortante mantra, cantado no refrão do Pequeno Gigante da Canção, que entoava sempre com galhardia: Tudo passa, tudo passará. Nada fica, nada ficará.
*Maurício Lopes – Administrador – Especialista em Gestão Empresarial