O presidente do diretório estadual do PL no Piauí, Tiago Junqueira, resolveu adotar um tom bem diferente do que se espera de um bolsonarista ao comentar a operação da Polícia Federal que investiga supostas fraudes milionárias em contratos da Secretaria de Saúde do Estado. Em vez do discurso inflamado e dos ataques costumeiros ao Partido dos Trabalhadores, Junqueira preferiu a linha do “vamos com calma”.
“É muito importante que a gente não caia numa armadilha comum, de sair de cara fazendo um linchamento público das pessoas que a gente não conhece apenas acreditando no primeiro título da matéria”, disse em vídeo publicado nas redes sociais.
Nada de “bandido bom é bandido preso”, nada de “petista corrupto” o tom foi quase um pedido de paciência. Tiago ainda ressaltou que os investigados têm direito ao contraditório e à ampla defesa. Até aí, tudo certo. O detalhe é que o discurso destoa totalmente do que seu partido costuma fazer no cenário nacional.
Enquanto em Brasília nomes do PL, como o deputado Nikolas Ferreira, transformam a frase “Defenda o Brasil do PT” em palavra de ordem e não perdem a oportunidade de atacar a esquerda, aqui no Piauí a conversa é outra: o PL virou quase um partido da conciliação.
Junqueira foi além. Disse que as pessoas presas ou investigadas “podem” estar sendo usadas como “boi de piranha” (termo usado para descrever quem é colocado no fogo para proteger os verdadeiros responsáveis).
“Pode ser que essas pessoas estejam sendo usadas pelos verdadeiros grandes corruptos, enquanto o roubo maior acontece do outro lado”, afirmou.
No final do vídeo, Tiago ainda admitiu que há “sinais de falcatrua”, mas preferiu apostar que a Polícia Federal vai chegar “até o final” na apuração.
Para quem esperava o discurso inflamado típico da direita, o tom manso soou, no mínimo, curioso. Talvez o clima no Piauí seja tão quente que até o bolsonarismo resolveu esfriar a retórica.