O Central Piauí recebeu um vídeo de denúncia de uma tia de uma criança de 2 anos que passou por dificuldades no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) ao buscar atendimento médico para tratar secreção no ouvido do garoto. Segundo o relato, a criança chegou ao hospital por volta das 11h e passou pela triagem às 11h07, mas não foi atendida até às 14h52. Durante esse período, a tia foi informada que o médico responsável havia saído para almoçar às 11h40.
“Estamos aqui com a criança, já estamos no nosso limite, sem almoçar até agora e vamos ter que desistir. Isso é um descaso com a humanidade”, declarou a mulher. Em resposta, a assessoria do HUT explicou que o médico saiu para almoçar e, ao retornar, teve que atender uma demanda mais urgente. Quando finalmente chamou o paciente, ele já havia saído.
Questionados sobre a ausência de plantonistas para cobrir o médico durante o almoço, o hospital informou que opera com apenas um médico por plantão no atendimento clínico de otorrino, uma mudança implementada neste ano para melhorar o fluxo de atendimento.
Falta de medicamentos e insumos
Além da situação no HUT, o Central Piauí também recebeu relatos sobre a falta de medicamentos e insumos em diversas unidades de saúde municipais de Teresina. Uma fonte anônima afirmou que, apesar de alguns suprimentos estarem disponíveis, não são suficientes para um atendimento adequado, levando os profissionais a improvisarem.
A fonte também destacou a escassez de insumos essenciais, como jelcos de vários calibres, equipos e seringas. Além disso, foram mencionados medicamentos importantes que estão em falta, como antibióticos (Ceftriaxona e Ceftazidima), anti-inflamatórios (Tenoxicam, Cefalotina, Cetoprofeno) e analgésicos.
Contenção de gastos na saúde
As denúncias surgem em um momento em que a Prefeitura de Teresina anunciou medidas de contenção de gastos, com um decreto assinado pelo prefeito Dr. Pessoa (PRD) que visa reduzir em 25% as despesas da Fundação Municipal de Saúde (FMS). As gratificações como horas extras e plantões extras estão suspensas. O presidente da FMS, Ítalo Costa, declarou à imprensa que os cortes seriam focados em atividades administrativas e que não afetariam a prestação de serviços à população.
Auditoria do TCE-PI aponta falhas na gestão
Em maio deste ano, o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) divulgou os resultados de uma auditoria que identificou falhas na gestão da saúde pública em Teresina. Entre os problemas constatados, a FMS não possui controle sobre suas dívidas de exercícios anteriores, carece de planejamento para a aquisição de insumos e não mantém um calendário de pagamentos organizado. Além disso, mais de R$ 17 milhões em emendas parlamentares não têm sua aplicação devidamente registrada, evidenciando falhas no controle interno.
O presidente do TCE-PI, Kennedy Barros, enfatizou que a auditoria não buscou culpados, mas sim fornecer dados que podem ajudar o município a otimizar recursos. “Não existe a falta de recursos. Existe a má aplicação”, resumiu Barros, ressaltando a necessidade de planejamento adequado para evitar a falta de medicamentos em algumas unidades enquanto outras possuem excedentes.