O presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (Sated-RJ), Hugo Gross, causou polêmica nesta quarta-feira (6) ao comentar a denúncia feita por Taís Araújo ao setor de compliance da TV Globo contra a autora Manuela Dias, devido ao rumo da personagem Raquel na novela Vale Tudo.
Em entrevista, Gross minimizou a queixa e afirmou que a questão racial está sendo “banalizada”:
“Está reclamando de negros, porque não teve papel para negro em Vale Tudo. Hoje qualquer coisa é que o negro não teve chance. [...] Tem que parar com isso, a vida não é isso. Qualquer coisinha vão falar que é negro, que ofende.”
O dirigente também declarou que a emissora tem dado oportunidades iguais:
“A Globo está colocando os negros para trabalhar — mais do que obrigação! Sempre teve chance e hoje tem melhor ainda. [...] O ator tem que aceitar o que o autor está fazendo e agradecer, se tiver essa humildade.”
A fala mais controversa veio quando ele afirmou:
“Negro e branco é tudo igual. Não existe perseguição racial. As pessoas estão banalizando isso.”
A declaração rapidamente repercutiu nas redes sociais, gerando críticas de artistas e ativistas do movimento negro, que classificaram o discurso como negacionista e incompatível com a realidade da indústria audiovisual.
Entenda o caso
A denúncia de Taís Araújo ao compliance da Globo teria ocorrido após uma discussão com Manuela Dias, em agosto, sobre o desenvolvimento da personagem Raquel. Segundo o portal F5, a atriz demonstrou incômodo com o fato de interpretar mais uma mulher negra retratada em meio ao sofrimento.
Fontes apontam que a conversa entre as duas terminou em um desentendimento, e Taís levou o caso à emissora para abrir um debate sobre representação racial nas novelas. Manuela, por sua vez, também teria formalizado uma queixa contra a atriz, alegando quebra de código ético, o que tensionou ainda mais os bastidores.
Embora ambas tenham evitado manifestações públicas, pessoas próximas a Taís afirmam que o objetivo da atriz não é criar conflito, mas provocar mudanças internas na forma como personagens negros são retratados.
Até o momento, Taís Araújo, Manuela Dias e a TV Globo não se pronunciaram oficialmente sobre o assunto.