A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) revogou a licitação de mais de R$ 40 milhões que previa a contratação da Big Data Health para gerenciar o diagnóstico e tratamento de hipertensão, diabetes e dislipidemia no Programa Mais Saúde Piauí. A medida foi tomada após a empresa ser alvo da Operação OMNI, da Polícia Federal, que investiga fraudes em contratos da saúde pública. Os empresários Bruno Santos Leal Campos e Nemesio Martins de Castro Neto foram presos temporariamente e, posteriormente, liberados pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).
O pregão tinha como objetivo contratar empresa especializada para fornecer software de gerenciamento e treinar profissionais da rede pública. A Big Data Health havia sido declarada vencedora, mas nenhum contrato chegou a ser assinado antes da revogação. A Sesapi justificou a decisão com base na Lei nº 14.133/2021 e na Súmula 473 do STF, além de seguir orientações do Tribunal de Contas da União, considerando a investigação federal como fato superveniente que compromete o interesse público.
As investigações apontam que os empresários utilizavam empresas de fachada para dar aparência de legalidade aos contratos com a Sesapi e a Fundação Municipal de Saúde. O esquema envolvia superfaturamento e repasse de recursos públicos para empresas sob o controle do grupo, dificultando o rastreio do dinheiro. Os contratos investigados abrangem gestão hospitalar, fornecimento de softwares e serviços de saúde.
A Operação OMNI cumpriu 22 mandados de busca e apreensão em cidades de seis estados, incluindo Teresina, Brasília e São Paulo. A PF identificou indícios de conluio e direcionamento em processos de chamamento público, com irregularidades na contratação de Organizações Sociais de Saúde e na aquisição de serviços voltados à administração hospitalar.