AS CHANCES DE REELEIÇÃO - Xadrez na Política
Quinta, 21 de novembro de 2024, 06:12

Xadrez na Política

ARTIGO

AS CHANCES DE REELEIÇÃO

ARNALDO EUGÊNIO DOUTOR EM ANTROPOLOGIA

Nas eleições municipais de 2024, no Brasil, mais de uma centena de prefeitos e prefeitas tentará se reeleger. Porém, nenhuma reeleição é fácil e garantida, por mais que se tenha feito “uma boa ou uma má gestão”. Pois, a performance e a rejeição dos prefeitos ou das prefeitas refletem-se no resultado eleitoral – para além da farra em boate de prostituição em Brasília.

Para todo gestor (ou gestora) municipal, em exercício, o processo de reeleição é uma eleição particular dentro de outra eleição, onde é preciso, para além das habilidades e competências em gestão pública, a implementação de ações pontuais e estratégicas, alinhadas com a conjuntura política e as demandas populares. Por isso, não basta apostar somente na “compra de votos” – ou no abuso do poder econômico no processo eleitoral – que configura crime eleitoral!

Infelizmente, ainda é uma prática comum no Brasil, em detrimento de uma “boa gestão”, que muitos candidatos e candidatas à reeleição usem do “poder econômico” – é um fenômeno social, fato ineliminável que permeia todos os segmentos da sociedade, que deve ser controlado, de modo a tutelar a incolumidade do sufrágio universal (art. 14, § 9º, da CF).

Por um lado, uma gestão municipal avaliada como “boa gestão” aumenta a probabilidade de reeleição, mas não é garantia de reeleição de um prefeito ou de uma prefeita. Por outro lado, em linhas gerais, existem duas formas de se construir o “perfil de rejeição” de uma pessoa – candidato ou candidata: a) por meio de uma lista e b) individualmente.

Mas, como cada postulante a cargo político é apresentado ao eleitor e à eleitora de forma diferente, logo, não atingem os mesmos números. As duas formas de aferição são indicadores diferentes e que tentam medir a rejeição. De forma direta, uma “má gestão” pode gerar uma alta rejeição do gestor (ou gestora), que implicará numa reprovação nas urnas.

Pois, diante de uma “má gestão”, o eleitorado brasileiro tende a exercer um voto mais conservador, de menos risco e atento para a capacidade gerencial do candidato majoritário. Em geral, após acidentes naturais ou graves crises de gestão, não de origem econômica, a idade média dos prefeitos eleitos aumenta em 25% e aumenta a exigência por pessoas mais experientes em gestão pública. Ou seja, é um prenúncio pela busca por gestores equilibrados, com decoro ao cargo e de respaldo, para gerenciar as diversas situações de colapso que envolver o município.

O gestor municipal, em exercício, que não entender a reeleição como um momento de reequilíbrio e de um novo espírito coletivo está caminhando para uma derrota nas urnas. Uma eleição municipal traz consigo, mesmo que no subconsciente, a necessidade popular de satisfazer vários desejos pontuais, para minimizar as dores, as feridas, as marcas de gestões anteriores etc.

Para obter boas chances de uma reeleição, o candidato ou candidata deve apresentar, além de uma base política e recursos financeiros, a capacidade de conquistar o apoio popular da maioria dos munícipes, através de um conjunto de ações estratégicas e realizáveis. E, assim, otimizar a imagem do gestor, estreitar vínculos com novas lideranças locais e adequar-se às necessidades da população local – ou seja, o eleitor.

Assim, uma reeleição depende de uma boa administração dos recursos públicos, vinculada ao bem-estar do povo, para gerar a empatia com o gestor.

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