O líder quilombola, ativista, lavrador, pensador, professor e escritor piauiense Nego Bispo morreu neste domingo (3) aos 63 anos. A causa da morte não foi oficialmente divulgada, mas ele vinha enfrentando problemas de saúde causados por diabetes.
Nascido Antônio Bispo dos Santos em 10 de dezembro de 1959, o piauiense era morador do Quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí, e detinha atuação de destaque como liderança quilombola e pensador.
Nego Bispo esteve no Ceará recentemente em mais de uma ocasião. Em julho, proferiu a fala aberta ‘As fronteiras entre o tempo e o horário’ dentro da programação de férias da Escola Porto Iracema das Artes. Já em 9 de novembro, compôs o IV Seminário Etnicidades, promovido pelo Sesc.
Preferindo ser chamado de “relator de saberes”, o líder lançou inúmeras publicações ligadas às comunidades quilombolas e aos saberes ancestrais. Entre os livros dele, estão “Colonização, quilombos: modos e significados” (2015) e “A Terra dá a terra quer” (2023).
A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco prestou condolências pela perda. “Nego Bispo fez a passagem e deixou aqui um legado enorme para o pensamento negro brasileiro. Um abraço a toda sua família e amigos”, publicou no X/Twitter.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e ex-governador do Piauí Wellington Dias também se pronunciou na rede social. “Nego Bispo foi e sempre será um mestre que, como ninguém, falou sobre reparação histórica, respeito às lutas e sobre o direito de viver dignamente”, ressaltou.
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) definiu Nego Bispo como “uma voz singular e significativa no âmbito da literatura e do pensamento quilombola”.
“Sua contribuição inestimável para a compreensão e preservação da cultura e identidade quilombola será lembrada e reverenciada por gerações”, ressaltou a organização.
O professor e militante do movimento negro Hilário Ferreira lamentou a morte do piauiense. “Infelizmente hoje Nego Bispo partiu, se tornou um ancestral. E de onde estiver vai continuar a ajudar os seus”, escreveu no Instagram.
O cantor e compositor Mateus Fazeno Rock também homenageou o quilombola. “Nego Bispo foi enorme instigador, criador da força de revolta e rebeldia necessária demais na mente da gente”, compartilhou no X/Twitter.
Fonte: Diário do Nordeste
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