Sete dias após a morte da pequena Alice Brasil Souza da Paz, de apenas 4 anos, a comoção e o luto se transformaram em um ato público de fé e cobrança por respostas. Na noite desta quarta-feira (13), familiares, amigos e militares lotaram a Igreja de Santa Teresinha do Menino Jesus, no 25º Batalhão de Caçadores do Piauí, para a missa de sétimo dia da menina, que morreu dentro do Colégio CEV, instituição de alto padrão em Teresina.
A cerimônia foi presidida pelo arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Juarez, que, ao final, abraçou os pais de Alice o major do Exército Cláudio Sousa e a fotógrafa Dayana Brasil em um gesto de comunhão e solidariedade.
Visivelmente abalados, os pais não concederam entrevistas. Mas, no momento mais marcante da missa, o pai quebrou o silêncio e fez um discurso emocionado, relembrando a manhã em que a filha saiu para a escola, no dia seguinte ao seu aniversário, e não voltou.
"Isso não foi uma fatalidade. Foi um descuido. E um descuido, quando tira a vida de uma criança, não pode ser tratado como mera fatalidade" afirmou, com a voz embargada, diante da atenção comovida dos presentes.
O militar ressaltou que segurança em escolas deve ser tratada como prioridade e não como algo opcional.
"Segurança não é luxo. Segurança é um dever", disse, acrescentando que não aceita “explicações frias, notas oficiais ou simples promessas de investigação e pedidos de desculpa” como resposta final.
Críticas à postura da escola
No discurso, Cláudio também questionou a postura da instituição nos dias seguintes à tragédia, afirmando que a família passou sete dias sem receber explicações diretas da direção. Segundo ele, foi informado sobre o acidente por terceiros e só recebeu uma mensagem de texto do presidente do colégio, Rafael Lima, lamentando o ocorrido.
Durante o período de luto, a escola suspendeu as aulas, que retornaram na última segunda-feira (11). Nesse dia, Dayana esteve na porta da instituição para cobrar justiça e afirmou que nunca mais colocará os pés no local. Apenas no dia 11 o presidente do colégio se pronunciou, convidando duas emissoras para falar sobre o assunto e dizendo que deseja se encontrar com os pais para pedir perdão, de forma reservada.
Entenda o caso
Alice morreu no dia 5 de agosto, um dia após completar 4 anos. Ela estava brincando na escola quando uma penteadeira caiu sobre ela. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as circunstâncias do acidente, que é apurado como homicídio culposo. A perícia busca determinar se houve negligência na fixação do móvel.
O caso ganhou repercussão nacional e gerou uma onda de solidariedade à família, que recebeu milhares de mensagens de apoio de todo o Brasil. Em nota, o Colégio CEV afirmou ter prestado assistência à ocorrência e que está colaborando com as investigações. A assessoria informou que não concederá novas entrevistas.
Para o pai, a luta agora é para que a morte da filha não seja em vão: Que o nome da Alice ecoe como símbolo de mudança. Que sirva de alerta para que nenhuma outra criança passe por isso.
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