Sexta, 05 de dezembro de 2025, 09:10
EMPREGOS

Piauí cresce em empregos formais, mas renda baixa e alta subutilização preocupa

Crescimento do emprego formal contrasta com salários baixos e força de trabalho subutilizada.

O Piauí registrou avanços na geração de empregos formais em 2025, mas outros indicadores econômicos reforçam que a população ainda enfrenta precariedade e desigualdade. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo CAGED), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e da PNAD Contínua/IBGE, o estado fechou junho com 2.745 novos empregos com carteira assinada, resultado de 14.472 admissões e 11.727 desligamentos.

No acumulado do ano, entre janeiro e junho, o Piauí soma 13.912 novos postos de trabalho formais, superando levemente os 13.106 gerados em 2024. O desempenho coloca o estado como o terceiro maior gerador de empregos formais do Nordeste.

Crescimento setorial

Em junho, todos os cinco grandes grupamentos de atividades econômicas apresentaram saldo positivo:

  • Indústria: 763 novas vagas
  • Serviços: 546
  • Construção: 523
  • Agropecuária: 470
  • Comércio: 444

O perfil das novas vagas revela predominância masculina, com 2.116 postos ocupados por homens, 1.582 por pessoas com ensino médio completo e 1.378 por jovens entre 18 e 24 anos.

Formalização ainda baixa

Apesar do avanço, o Piauí no 2º trimestre de 2025 registrou o menor percentual de empregados com formais, apenas 54,5% dos trabalhadores do setor privado tinham carteira assinada. O estado só fica à frente do Maranhão (53,1%) e praticamente empatado com a Paraíba (54,6%).

Renda média entre as mais baixas do país

A renda média dos trabalhadores piauienses permanece entre as mais baixas do Brasil. Segundo a PNAD/IBGE de 2024, o rendimento médio anual no estado foi de R$ 2.203, contra R$ 3.225 da média nacional. Apenas Bahia (R$ 2.165), Ceará (R$ 2.071) e Maranhão (R$ 2.049) registraram valores inferiores.

Subutilização da força de trabalho

O Piauí também apresenta o maior índice de subutilização da força de trabalho do país, com 30,2%, refletindo pessoas que poderiam trabalhar mais horas ou estão fora do mercado. Santa Catarina, em comparação, tem apenas 4,4%.

Subutilização da força de trabalho: indicador que engloba desempregados, pessoas que trabalham menos horas do que gostariam e aquelas disponíveis para trabalhar, mas que não procuram emprego.

No 2º trimestre de 2025, a taxa composta de subutilização no Brasil foi de 14,4%. O Piauí liderou o ranking (30,2%), seguido por Bahia (27,0%) e Sergipe (26,0%).

O estado também lidera o percentual de desalentados trabalhadores que desistiram de procurar emprego, com 7,1%, bem acima da média nacional (2,5%).

Desemprego e desigualdade

A taxa de desocupação no país no segundo trimestre de 2025 foi de 5,8%, a menor desde 2012. No Piauí, o índice foi mais alto: 7,0%. Entre homens, a taxa ficou em 4,8%, contra 6,9% para mulheres.

Por escolaridade, a desigualdade é marcante: trabalhadores com ensino médio incompleto tiveram taxa de desocupação de 9,4%, enquanto pessoas com nível superior completo registraram apenas 3,2%.

Também há diferenças por cor: a taxa de desocupação foi menor para brancos (4,8%), mas maior entre pretos (7,0%) e pardos (6,4%).

No Brasil, havia 1,3 milhão de pessoas procurando trabalho há dois anos ou mais no 2º trimestre de 2025 o menor contingente desde 2014. O indicador caiu 23,6% em relação ao mesmo período de 2024.

Leia Também

Dê sua opinião: