Sexta, 05 de dezembro de 2025, 08:07
TERESINA

Saiba tudo sobre as operações “Gabinete de Ouro” e “Interpostos” deflagradas em Teresina

Ambas, conduzidas pela Polícia Civil do Piauí, visam desmantelar esquemas de corrupção na gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa.

Nesta terça-feira (14), Teresina foi palco de duas operações policiais de grande repercussão: “Gabinete de Ouro” e “Interpostos”. Ambas foram conduzidas pela Polícia Civil do Piauí, com o objetivo de desarticular esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro supostamente articulados durante a gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa (PRD).

Operação “Gabinete de Ouro”

A operação “Gabinete de Ouro” investiga um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos que teria funcionado dentro da Prefeitura de Teresina entre 2021 e 2024. Segundo a Polícia Civil, foram cumpridos quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão.

Entre os presos está Suelene da Cruz Pessoa, conhecida como “Sol Pessoa”, que exerceu o cargo de assessora especial na gestão de Dr. Pessoa. Ela foi detida em casa, no residencial Hugo Prado, na zona Sul da capital.

As investigações apontam que Sol Pessoa controlava diretamente pagamentos, contratações de terceirizados, definição de salários e lotação de servidores, além de se beneficiar de “rachadinhas” e propinas. Bens avaliados em mais de R$ 75 milhões foram bloqueados, incluindo imóveis de luxo, veículos e valores em contas bancárias.

Durante a ação, policiais apreenderam documentos, aparelhos celulares e cerca de R$ 5 mil em espécie.

O que diz o delegado responsável pela operação

O delegado Ferdinando Martins, coordenador do Departamento de Combate à Corrupção (Deccor), afirmou que a ex-assessora tinha controle absoluto sobre parte do fluxo financeiro da prefeitura.

“Essa operação teve o objetivo principal de desarticular um grupo criminoso que desfalcou o patrimônio público dentro da antiga gestão do município de Teresina. Existia uma servidora pública de confiança, chefe de gabinete do prefeito, que dialogava com fornecedores e intermediava pagamentos e liberações de valores, mantendo uma atividade criminosa envolvendo terceiros e rachadinhas”, explicou o delegado.

De acordo com Ferdinando Martins, os servidores “laranjas” eram inseridos indevidamente nas folhas de pagamento de empresas terceirizadas, e parte dos salários era repassada à ex-servidora ou a pessoas indicadas por ela. As investigações começaram em 2024, mas os desvios podem ter ocorrido desde 2021.

Operação “Interpostos”

No mesmo dia, a Polícia Civil deflagrou a operação “Interpostos”, que apura lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio realizada por ex-vereadores e empresários de Teresina.

Entre os investigados estão Stanley Freire, filho do jornalista Silas Freire, e Neto do Angelim, ex-vereador e ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMC).

As investigações indicam que os ex-parlamentares usaram empresas em nome de terceiros (“laranjas”) para movimentar valores e firmar contratos públicos e privados. A empresa The Log Entrega Rápida é uma das citadas como instrumento de movimentação financeira suspeita.

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços localizados na zona Leste de Teresina e também em Timon (MA).

O que diz a delegada responsável pela “Interpostos”

A delegada Bernadete Santana, que coordena as investigações, afirmou que a operação teve início após relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificarem movimentações atípicas nas contas dos investigados.

“São vultosos valores que estavam sendo transacionados, principalmente entre dois ex-parlamentares envolvidos, sendo que um deles movimentou, só no ano de 2022, cerca de R$ 5,2 milhões, e entre 2020 e 2023, a quantia de R$ 14 milhões”, detalhou Bernadete.

Conexão entre as operações

Embora deflagradas separadamente, as duas operações têm alvos em comum e estruturas financeiras interligadas.
Enquanto a “Gabinete de Ouro” mira o núcleo político-administrativo da gestão de Dr. Pessoa, a “Interpostos” foca no núcleo financeiro, responsável por lavar e ocultar os recursos desviados.

O que diz o ex-prefeito Dr. Pessoa

Em nota oficial, o ex-prefeito Dr. Pessoa negou qualquer envolvimento ou parentesco com Suelene da Cruz Pessoa.

“O ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, vem a público esclarecer que a senhora Sol Pessoa, mencionada em notícia sobre recente prisão, não possui qualquer grau de parentesco com ele, tratando-se apenas de coincidência de sobrenome.

Dr. Pessoa ressalta ainda que desconhece qualquer atividade irregular, ilícita ou atípica praticada por servidores durante sua gestão.

Todos os contratos firmados foram realizados mediante regular processo licitatório e acompanhados pelos fiscais de contrato e pela Secretaria Municipal de Administração.

Por fim, reafirma seu compromisso com a transparência, a probidade e o respeito ao erário público, valores que sempre pautaram sua vida pública e sua atuação como gestor.”

A Polícia Civil analisa o material apreendido para identificar outros possíveis envolvidos e o destino dos valores desviados. Novas fases das investigações não estão descartadas.

Leia Também

Dê sua opinião: