Na manhã desta quarta-feira (29), o secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, informou à imprensa que reconheceu ter havido um erro na prisão de Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos. Ela foi presa sob acusação de ter envenenado as crianças João Miguel da Silva, de 7 anos, e Ulisses Gabriel, de 8 anos, em Parnaíba, em agosto de 2024. No entanto, Lucélia foi solta após o Instituto de Criminalística do Piauí apresentar novas evidências sobre o caso.
Segundo Chico Lucas, a prisão foi motivada pelos depoimentos de familiares das vítimas, que apontaram a vizinha como responsável, além da descoberta de veneno em sua residência.
"A gente sente pelo erro na apuração. Não foi um erro causado por dissídio ou por inépcia dos operadores do direito, mas porque foram induzidos. No primeiro momento, tivemos o envenenamento de duas crianças e seus familiares afirmaram à polícia que foi uma determinada pessoa. A avó, o Francisco e a mãe delas apontaram a Lucélia. Esses depoimentos não são relevantes? Além disso, realizamos uma busca e apreensão na casa dela e encontramos veneno. Esse induzimento foi provocado por um dos acusados, o Francisco. Ele, a avó e a mãe das crianças – que faleceu posteriormente – colocaram Lucélia como suspeita em todos os depoimentos e foi encontrado o veneno que às vezes pode ser coincidência, porque, apesar de proibido, o chumbinho é um veneno muito comum nas casas", explicou Chico Lucas.
Chico Lucas ainda afirmou que uma equipe está trabalhando nas provas necessárias para o desfecho do caso que será esclarecido brevemente.
"Criamos um grupo de trabalho e hoje temos três delegados atuando no caso, além de toda a equipe do DEPOC (Departamento de Polícia Científica), o próprio perito-geral Nunes, a perícia, o delegado-geral, a gente fala quase que diariamente e entre o grupo está praticamente esclarecida a autoria e estamos reunindo as provas técnicas necessárias, que não são simples de serem elaboradas", pontuou.
Além disso, o secretário ressaltou que, até recentemente, o Piauí não possuía um laboratório de toxicologia, o que dificultava as investigações nesse tipo de caso.
"O Piauí não tinha laboratório de toxicologia, então os casos de envenenamento ficavam sem uma prova técnica, a não ser quando recorremos a outros estados. O que nos motivou a criar o laboratório foi um caso de 2023, quando uma menina de 5 anos morreu envenenada em Floriano e ficamos pedindo exames ao Maranhão e outros estados. Então determinei o desenvolvimento do laboratório. Mas ele precisa estabelecer protocolos, seguir uma série de normas técnicas e científicas para atuar plenamente", concluiu o secretário.
Soltura da vizinha
Em 13 de janeiro, o Ministério Público Estadual do Piauí solicitou a soltura de Lucélia Maria da Conceição, de 52 anos, que foi presa sob acusação de ter envenenado cajus e entregado às crianças João Miguel da Silva, de 7 anos, e Ulisses Gabriel, de 8 anos, que morreram envenenadas em Parnaíba em agosto de 2024.
A decisão foi tomada após o Instituto de Criminalística do Piauí concluir a perícia nos cajus e o laudo constatar que as frutas não estavam envenenadas.
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