Segunda, 19 de maio de 2025, 09:23
TERESINA-PI

“Já, já tô na pista”: blogueira debocha após ser presa por envolvimento com o B40

Ana Azevedo, conhecida como “A Coreana”, usava as redes sociais para propagar ideologia do Bonde dos 40.

Na manhã desta quarta-feira (30/4), a Polícia Civil do Piauí prendeu Ana Azevedo, conhecida nas redes sociais como “A Coreana”, suspeita de integrar o núcleo feminino do Bonde dos 40, facção criminosa atuante em diversos crimes violentos em Teresina. Segundo as investigações conduzidas pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), ela usava os perfis nas redes sociais para ostentar armas, cooptar jovens e disseminar a ideologia do grupo.

  
Blogueira presa em Teresina. Foto: Reprodução.
 
 
 

Apesar da prisão, Ana debochou da ação policial ao ser conduzida pelos agentes. Em frente às câmeras, mandou um recado aos seguidores: “Gente, já, já tô na pista, viu, meus amores, já, já. Para todos os meus seguidores, um beijão”.

A declaração provocou reação do delegado Charles Pessoa, coordenador do DRACO. “Ela vai entender o peso da segurança pública e o quanto nossas investigações são elaboradas. Não adianta se esconder atrás de filtros bonitos. Nós enxergamos além das telas”, afirmou. A polícia deve pedir o bloqueio imediato das redes sociais da investigada.

A prisão de Ana faz parte da operação Draco 210 – Faixa Rosa, que mirou a atuação direta de mulheres dentro da facção. Foram cumpridos 34 mandados judiciais, sendo 15 de prisão preventiva em Teresina, Timon (MA) e cidades do interior. Até o momento, 10 pessoas foram presas, incluindo o namorado de Ana Azevedo.

De acordo com o delegado Charles Pessoa, a célula feminina do Bonde dos 40 atuava com autonomia, organizando o chamado “tribunal do crime” — mecanismo usado pela facção para julgar e punir integrantes e rivais. “Elas participavam diretamente de julgamentos e punições internas. Usavam também as redes sociais para cooptar jovens, ostentar armas e disseminar a cultura da facção”, detalhou.

A investigação teve início com o monitoramento de um grupo de mensagens usado exclusivamente por mulheres da facção. A polícia identificou linguagem própria, fichas de batismo e trocas de mensagens que orientavam execuções e punições físicas. Na casa onde Ana Azevedo foi presa, foi apreendida uma arma de fogo. O homem que estava com ela também foi autuado por porte ilegal de arma e já era investigado por homicídio.

Segundo o DRACO, Ana exercia influência nas redes sociais com autorização da cúpula da facção. “O papel da Ana Azevedo era usar as redes sociais, isso orientado pela própria célula do Bonde dos 40, para disseminar essa cultura, ideologia da facção criminosa. É a influência do mal”, concluiu Charles Pessoa.

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