A Prefeitura de Teresina anunciou, nesta terça-feira (18), que iniciará a remoção de crianças venezuelanas que pedem esmolas nos sinais de trânsito da cidade. A informação foi confirmada pelo coordenador de Direitos Humanos do município, Miranda Neto, que destacou que a medida faz parte de uma ação institucional.

“A parte pedagógica já foi, agora vamos cumprir a parte institucional de recolher as crianças dos sinais de Teresina, não só venezuelanos. Já estourou todos os limites”, afirmou. Atualmente, 276 imigrantes da etnia Warao vivem na capital, distribuídos em cinco abrigos.

Polémica e debate político

A medida gerou debate na Câmara Municipal. O vereador Pedro Alcântara (Progressistas), vice-líder do prefeito, defendeu a iniciativa e afirmou que um projeto de lei será apresentado para regulamentar a política de imigração e migração na capital.

“O imigrante que está em Teresina e quer voltar para o seu país, o município dará condições para ele retornar com dignidade. Não é aquela história do Trump, que acorrenta, que coloca algema. O imigrante será chamado e terá uma conversa com a equipe da prefeitura”, disse Alcântara. Ele ressaltou que a proposta não se limita aos venezuelanos, mas a todos os imigrantes em situação de vulnerabilidade.

A oposição, no entanto, criticou a medida. O vereador Dudu (PT) classificou a ação como uma "aberração" e comparou a proposta às políticas do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

“Estamos vendo agora um 'Trump novo' com esse tipo de aberração. Eu queria que ele [prefeito Silvio Mendes] custeasse a passagem de ônibus do povo de Teresina. Essa política não cabe ao município, mas deve ser feita a nível nacional”, criticou Dudu.

A Prefeitura estuda também a possibilidade de custear passagens para imigrantes que desejem retornar ao seu país de origem ou permanecer em Teresina com moradia própria. O debate segue na Câmara Municipal, onde o projeto de lei deve ser apresentado nos próximos dias.

IMIGRAÇÃO NOS EUA

A polêmica envolvendo a remoção de imigrantes venezuelanos em Teresina lembra medidas adotadas nos Estados Unidos. O governo do Texas, sob a liderança do governador Greg Abbott, tem realizado deportações de imigrantes ilegais e enviado ônibus lotados de migrantes para estados governados por democratas. Além disso, leis rígidas de imigração foram reforçadas na gestão de Donald Trump e continuam sendo tema de intenso debate no Congresso americano.

Nos últimos meses, a Casa Branca tem enfrentado desafios para conter a entrada de imigrantes na fronteira com o México, com um número crescente de venezuelanos buscando asilo. Em algumas cidades americanas, como Nova York e Chicago, prefeitos pedem mais apoio federal para lidar com o aumento da imigração, alegando sobrecarga nos serviços públicos.