Nesta quarta-feira (26), a Polícia Federal (PF) intensificou as investigações de um esquema de fraudes nas guias de recolhimento da Previdência Social, com desdobramentos no Piauí. Dos 14 mandados cumpridos recentemente, 10 ocorreram no estado, onde a participação no esquema é considerada mais forte, incluindo advogados e servidores públicos. A operação é uma extensão da Operação Grima, iniciada em dezembro de 2023.
Segundo o delegado Marco Antônio, o esquema envolvia cerca de 39 prefeituras. Os advogados contratados pelas prefeituras para restituir valores utilizavam documentos falsificados para criar créditos indevidos para os municípios. “Foram vários municípios, cerca de 39 prefeituras. O advogado era contratado para fazer a restituição daqueles valores. Só que como eles colocavam um documento fraudulento, um documento falsificado, aqueles valores de imediato já criavam um crédito para o município. Então o advogado ia lá, pegava 20%, 30% e posteriormente, quando a Receita Federal constatasse que não se tratava de documentos verdadeiros, ela ia cobrar do município. Muitas vezes rolava para o próximo prefeito. Aí o prefeito dizia que não tinha nada a ver com isso porque são documentos fraudados", explicou o delegado em entrevista à imprensa.
As investigações apontam que a fraude causou aos cofres públicos um prejuízo de mais de R$ 50 milhões, com valores desviados em alguns municípios chegando a R$ 4 milhões. A segunda fase da operação levou à prisão de um alvo no município de Goiânia e à apreensão de carros de luxo, pertencentes a pessoas já investigadas.
O delegado Marcos Antônio ressaltou que o grupo, composto por agentes públicos e advogados, fraudava as Gefis (Guias de Recolhimento da Previdência Social) apresentadas pelos municípios. Os advogados faziam contratos com cláusulas de percentual sobre o valor restituído, recebendo o pagamento antes que a Receita Federal constatasse a falsificação dos documentos. A polícia segue com as investigações e afirma que novos mandados e prisões podem ocorrer.