O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou sob sigilo, pelos próximos cinco anos, a relação dos servidores do Governo Federal que ocuparam 57 quartos do hotel de luxo JW Marriott Grosvenor House, em Londres, na Inglaterra. O custo total da estadia dos funcionários foi de R$ 1,47 milhão, sendo que R$ 140 mil correspondem às salas de reuniões no hotel.
A visita de Lula à Inglaterra, em maio de 2023, para participar da coroação do Rei Charles II, envolveu não apenas a comitiva presidencial, mas também membros do chamado Escalão Avançado (Escav), responsáveis pela preparação da viagem. O período de hospedagem no hotel foi do dia 26 de abril até 9 de maio.
O custo das diárias revela um alto valor, com destaque para o quarto onde o presidente e a primeira-dama Rosângela Silva, Janja, ficaram hospedados, que custou R$ 43.986,60 por dia. Estima-se que pelo menos 80 pessoas tenham participado da viagem, porém a relação desses nomes está sob sigilo.
A Casa Civil justificou a medida, afirmando que as Comitivas Técnica e de Apoio, constituídas por servidores responsáveis pela viabilização dos eventos com a participação do presidente da República, têm suas informações classificadas como sigilosas pelo Gabinete de Segurança Institucional.
Embora a resposta ao pedido da Lei de Acesso à Informação tenha sido marcada pelo sigilo dos nomes dos funcionários, a Casa Civil a considerou como "acesso concedido". Restrições quanto à Lei de Acesso à Informação indicam que o grau de sigilo reservado só pode ser liberado após cinco anos, enquanto o sigilo pode durar até 100 anos em casos específicos.
Durante o terceiro governo de Lula, pelo menos 1.339 pedidos receberam sigilo de 100 anos, incluindo as visitas recebidas por Janja e Lula no Palácio da Alvorada, e telegramas relacionados ao caso do jogador de futebol Robinho, condenado por estupro na Itália. Essa prática contradiz a promessa do presidente na campanha eleitoral de 2022, na qual prometeu acabar com o mecanismo de sigilo de 100 anos.