O vereador Pedro Alcântara (Progressistas) apresentou uma proposta inusitada na Câmara Municipal de Teresina: que o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) passe a pagar diretamente o salário da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa desde 3 de abril por suspeita de ligação com uma facção criminosa atuante na capital.
Tatiana está afastada, não trabalha, teve o gabinete fechado e perdeu direito a verbas e assessores, mas segue recebendo R$ 24,7 mil mensais, por determinação do TCE. Atualmente, o salário é depositado pela Câmara, enquanto o primeiro suplente, Leonidas Júnior (PSB), ocupa a cadeira e também recebe remuneração como parlamentar.
Em entrevista ao Central Piauí, Pedro Alcântara ironizou a cobrança pública de que a Câmara estaria beneficiando a parlamentar presa:
“A Câmara não decidiu pagar nada. Quem mandou pagar foi o Tribunal de Contas. Estão dizendo que a Câmara paga vereadora que não trabalha, mas quem ordenou o pagamento foi o TCE. A minha proposta é simples: se o Tribunal mandou pagar, que o Tribunal pague.”
O vereador detalhou que já houve ofícios enviados ao TCE, ao Tribunal de Justiça (TJ) e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para que fosse definido como proceder diante do caso. Segundo ele, os três órgãos determinaram que Tatiana deve continuar recebendo o salário enquanto aguarda julgamento.
Alcântara argumenta que a Câmara não pode cassar o mandato sem decisão judicial, sob risco de a vereadora ser absolvida posteriormente: “Se a gente caça agora e lá na frente ela for absolvida? Já aconteceu com outros parlamentares. O risco é a Câmara ser punida depois.”
A vereadora Tatiana Medeiros foi presa pela Polícia Federal durante a Operação Escudo Eleitoral, que investiga uso de dinheiro de facção criminosa para financiar sua campanha. Após internações médicas, a prisão preventiva foi convertida em prisão domiciliar, onde ela permanece sem poder exercer suas funções públicas.