No coração do bairro São João, na zona Leste de Teresina, a história de fé e coragem de uma mulher de 61 anos vem chamando atenção pela determinação e pelo sabor. Maria Dalva Sales Barros, que por décadas atuou como técnica de enfermagem, decidiu trocar os jalecos pelas panelas para realizar um sonho antigo: abrir o próprio restaurante.
Natural de União, no interior do Piauí, Maria Dalva carrega mais de 30 anos de experiência na cozinha. Antes de ter um ponto fixo, já trabalhava em eventos, shows e festejos, chegando a fornecer refeições no Atlantic City. “Eu gosto de fazer comida. Eu gosto de cozinhar”, resume, ao recordar a decisão de deixar a enfermagem para se dedicar ao que realmente ama.
Nos últimos anos, histórias como a dela têm se tornado mais comuns entre mulheres brasileiras que decidem empreender após os 50. Segundo dados do Sebrae (2025), mais de 2,7 milhões de mulheres com mais de 55 anos já são donas de seus próprios negócios no país — um movimento que cresce com força no Nordeste, região onde o empreendedorismo feminino tem se consolidado como alternativa de renda e autonomia.

Foto: Reprodução/CentralPiauí
Do sonho à realização: o Restaurante Vó Tonha
Há dois anos, o sonho ganhou forma e também um nome especial: Restaurante Vó Tonha, uma homenagem à mãe de Dalva, Antônia. “É o nome da minha mãe. Aqui bem dizer é minha vida, né?”, conta. A família aprovou a escolha, reconhecendo no restaurante a continuidade das tradições e do afeto construído ao redor da cozinha.
A rotina no Vó Tonha começa cedo. Às 5h da manhã, Dalva já está de pé preparando o café, organizando os pedidos do delivery e iniciando o almoço, que é servido no local. Entre os pratos mais procurados estão a mão de vaca, o baião de dois, o cozidão e o feijão preto — sempre com o tempero caseiro que se tornou marca registrada. “Mão de vaca, tem a mão de vaca que o pessoal gosta muito, né? Baião de dois. Aqui, graças a Deus, é comida popular”, explica.
Cansaço e superação
Apesar do sucesso, o maior desafio é o desgaste físico. “Meu filho, é o cansaço. Porque quando a gente cozinha, a gente não para. Eu me levanto às 5 horas para começar o café da manhã e vou até 7 da noite”, relata. Mesmo assim, ela segue firme. Para Dalva, o segredo para vencer é coragem. “É ter coragem, não ter medo de enfrentar. Se tiver medo, não vai pra frente. E colocar sempre Deus em primeiro lugar. Sair de casa se entregando a Deus que tudo dá certo.”

Foto: Reprodução/CentralPiauí
Reconhecimento dos clientes
A qualidade da comida e o carinho no atendimento fazem do restaurante um ponto querido do bairro. Dona Cacim, cliente de longa data, lembra que conhece Maria Dalva desde que foi professora de seus filhos. “A comida dela é maravilhosa, comida caseira. Ela vende bastante. Quando é uma e pouca da tarde, já acabou tudo. É muito boa a comida dela”, elogia. Para a cliente, o sucesso do restaurante tem nome: “Ela é uma pessoa maravilhosa, a dona Dalva.”

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