O governador Rafael Fonteles (PT) autorizou a criação da Faculdade Estadual Piauí Instituto de Tecnologia (PIT), uma nova instituição de ensino que tem como objetivo “promover o ensino, pesquisa e extensão, prioritariamente nas áreas de ciências, tecnologias, engenharias e matemática, com foco em inovação tecnológica, empreendedorismo e impacto social”. O decreto de autorização foi publicado no Diário Oficial do Estado no dia 7 de fevereiro.

Segundo o decreto, a faculdade terá cursos de graduação, pós-graduação, curta duração, livres, técnicos e tecnológicos. A Faculdade PIT será mantida pelo Instituto Piauí de Tecnologia, subsidiária da Investe Piauí.

Nas redes sociais, no entanto, estudantes da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) se mostraram menos entusiasmados com o anúncio da criação da nova instituição. Em uma postagem de um importante portal regional, uma aluna de Direito escreveu: “Enquanto isso, o teto da UESPI cai em cima da cabeça do povo”. Uma graduanda de Turismo comentou com uma indagação: “Por que não investir na UESPI?”.

Em conversa com o Central Piauí, Natanael Soares, diretor de assuntos estudantis do DCE e presidente da Associação de Pós-Graduandos da UESPI, comentou que o decreto faz parte de um “novo ataque” contra a instituição pública e que o governador vem “deixando de lado” a universidade estadual.

“A intenção dele é fechar cursos, né? Isso aí a gente sabe que ele vem tentando fechar esses cursos na UESPI, não é de hoje. Conseguiu alguns, foram fechados [...] É tanto que as vagas ofertadas diminuíram, a tendência é diminuir cada vez mais. E agora esse novo ataque, que é anunciar uma faculdade de curta duração. Diz que é curso de pós-graduação e graduação, mas a gente sabe que o objetivo é fazer cursos técnicos, né? E colocando sempre aí... deixando a UESPI de lado”, disse Natan.

Em resposta ao Central Piauí, a Secretaria de Educação do Estado do Piauí (SEDUC-PI) informou que a PIT será ligada à Investe Piauí, empresa de economia mista que tem como objetivo “articular políticas públicas de fomento ao desenvolvimento econômico regional”.

“Isso é terrível, né? Cada vez mais a situação piora em relação à universidade, e o governador prefere fechar os olhos”, lamentou Natan.

FECHAMENTO DE CURSOS

Em outubro de 2024, uma decisão do Conselho Universitário (Consun) da UESPI determinou o fechamento de seis cursos de graduação no campus Clóvis Moura, localizado em Teresina. Com a medida, os cursos passarão a ser "unificados" e ofertados somente no campus Torquato Neto, localizado na zona Norte da capital. Na época, o governador justificou a decisão, afirmando é preciso "revisar a matriz de cursos" da instituição e que a UESPI precisa se tornar uma universidade "sintonizada com os anseios da sociedade".

"Cada vez mais temos que ter cursos antenados com as demandas da sociedade e aumentando eficiência. Se por um lado vai unificar, certamente, teremos novos cursos sendo lançados nos mais diversos campi da Univerdade Estadual do Piauí", declarou Fonteles.

A decisão resultou em protestos por parte de alunos e professores da instituição. 

"Querem reduzir esses cursos ao funcionamento em um dos campus. Isso é um retrocesso, porque diminui vagas, diminui oferta e atenta contra o direito à expansão do ensino superior. Recorremos à Justiça como último artifício, porque tentamos internamente e não foi possível", disse a professora Lucineide Barros, membro da Associação de Docentes da UESPI.