A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de Teresina para investigar possíveis irregularidades nas contas da Prefeitura ouviu nesta quarta-feira (6) o ex-vice-prefeito e ex-secretário de Finanças da capital, Robert Rios. Durante seu depoimento, Rios fez declarações contundentes sobre o que chamou de um esquema generalizado de desvios de recursos públicos na gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa.
Segundo Rios, as irregularidades eram sistemáticas e chegaram a surpreendê-lo, mesmo após quatro décadas de atuação na segurança pública. “Houve roubo, muito roubo. Nem sabia que existia uma escala de roubo daquele jeito”, afirmou.
Um dos principais exemplos citados pelo ex-vice-prefeito foi a compra de um imóvel para a construção do Hospital da Mulher. De acordo com ele, a negociação inicial girava em torno de R$ 11,5 milhões, valor que ele recusou autorizar por considerar o imóvel superavaliado. “Aquele prédio valia, no máximo, R$ 1,5 milhão”, disse. Após sua saída do cargo, segundo Rios, a Prefeitura teria concluído a compra por R$ 16,5 milhões.
O caso do hospital é um dos principais alvos da chamada "CPI do Rombo", que apura um déficit de aproximadamente R$ 3 bilhões nas contas da administração municipal.
Secretarias sob suspeita
Durante o depoimento, Robert Rios também apontou as secretarias de Educação e Saúde como os setores mais atingidos pelas irregularidades. “A roubalheira lá era regra. O roubo na Secretaria de Educação e na Fundação Municipal de Saúde foi terrível. Nunca se viu isso antes na história de Teresina”, declarou.
O ex-secretário também afirmou que parte significativa do poder decisório da Prefeitura estava nas mãos de familiares de Dr. Pessoa. Entre os nomes citados, estão o filho do ex-prefeito, João Duarte Pessoa, e a ex-primeira-dama, Samara Conceição. Segundo ele, os dois controlavam setores estratégicos como licitações, pagamento de fornecedores e direção de órgãos importantes.
“Eu tinha pena dos secretários da Prefeitura. Eu não mandava em coisa nenhuma. A mulher do prefeito mandava 100% na saúde e na educação”, disse.
Pagamentos sob comando familiar
Rios relatou ainda um suposto esquema de controle direto sobre pagamentos a empresas prestadoras de serviço à Prefeitura. Segundo ele, listas de empresas a serem pagas eram elaboradas por integrantes da família do prefeito e enviadas diretamente ao setor financeiro.
A então secretária de Finanças, Odimirtes Neves, teria recebido ordens diretas de Dr. Pessoa para só efetuar pagamentos com o aval de seu filho. “Esses pagamentos só seriam feitos com o aval do filho do prefeito. A ordem era dada por ele, que fornecia a relação de quem seria pago”, relatou.
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