O comércio brasileiro se prepara para mais um ciclo frenético de vendas. A Black Friday já se tornou uma data oficial no nosso calendário. É aquele período mágico que ajuda a aquecer as vendas, a dar uma mãozinha no giro de estoque e, de quebra, impulsionar a economia nacional, dando uma espécie de aquecimento para o Natal. A festa do varejo começa oficialmente na última sexta-feira de novembro em todo o Brasil, mas já é possível observar menções alusivas ao evento.
Contudo, antes de mergulhar de cabeça nos "descontos imperdíveis", o consumidor brasileiro precisa ficar atento às famosas "Black Fraudes". Sim, esse apelido carinhoso que demos ao festival de preços maquiados, que, vez ou outra, aparece para tentar nos enganar e nos induzir a desejar os mais variados serviços ou produtos. No topo da lista desses desejos? Claro, os celulares! E, ironicamente, são esses mesmos dispositivos que também nos expõem ao bombardeio de anúncios irresistíveis.
De acordo com uma pesquisa do provedor de serviços virtuais NordVPN, 96% dos brasileiros levam o celular para a cama todas as noites, no momento em que estão relaxados e prontos para serem fisgados por propagandas duvidosas entre um cochilo e outro. Os algoritmos, esses pequenos bisbilhoteiros digitais, estão sempre prontos e despertos. Eles rastreiam cada clique, cada desejo, cada busca por “tênis em promoção” que fazemos e, claro, transformam essa curiosidade despretensiosa em uma avalanche de anúncios, tentando nos convencer a gastarmos em algo que talvez nem esteja na nossa lista de prioridades.
Esse tema de propagandas excessivas nas redes, inclusive, esteve recentemente em pauta no Supremo Tribunal Federal. Durante o julgamento que visava definir limites na quebra de sigilo em “buscadores” na internet, um dos membros da Suprema Corte reclamou das constantes recomendações recebidas, após pesquisar sobre um produto específico:
“O próprio Google usa o dado de todos nós, sem autorização, para mandar propaganda para nós mesmos... Falei que queria um carro vermelho e nunca mais parei de receber propaganda. Com certeza estou grampeado”,
Alexandre de Moraes
Jogadores de futebol, youtubers, cantores e influenciadores em geral, também, estão mais que prontos para te convencer a abrir a carteira. Aquela postagem despretensiosa pode, na verdade, ser uma estratégia bem ensaiada para você “estourar” o limite do seu cartão de crédito. Mesmo uma matéria jornalística sobre uma tragédia – como a guerra no Oriente Médio – pode impulsionar vendas ou, ao menos, a busca por um produto. Foi o caso da bolsa de 183 mil reais vista no braço da esposa de um líder do Hamas, recém falecido no conflito, enquanto ela caminhava em um túnel na Faixa de Gaza. Os “cliques” na busca pelo produto cresceu assustadoramente após a ostentação e divulgação do inusitado caso.
Aqui vão alguns conselhos para quem pretende dominar a arte de evitar gastos supérfluos e se livrar das armadilhas virtuais: não é porque um jogador famoso apareceu em uma Ferrari de 1.200 cavalos que você precisa trocar de carro, ou porque seu signo lhe diz que a última sexta-feira de novembro é o dia ideal para "soltar o escorpião do bolso". Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Desligar o celular antes de dormir também pode lhe conceder uma excelente noite de sono e, se tiver que se manter acordado tenha sempre um olho na promoção e outro na enganação. Pesquise, antes de comprar. Por fim, bastante atenção: Você está sendo constantemente grampeado!