Quem ainda não teve a oportunidade de assistir ao filme “O Incrível Exército de Brancaleone” deveria reservar um tempinho para tal. Eu reassisti recentemente! Nos últimos dias tenho tido um tempo tremendo, desses que só quem não tem nada para fazer sabe do que estou falando. A película trata da empreitada de um exército maltrapilho, comandado por um cavaleiro atrapalhado, que parte na busca de um reinado longínquo, em que acreditam haver sido lhes consignado em um testamento usurpado em combate, e que daria ao possuidor de tal documento domínio total e irrestrito do reino de “Aurocastro”, com suas belezas naturais e riquezas feudais.
Por muito tempo a expressão ‘exército de brancaleone’ tem sido usada como metáfora a qualquer empreendimento desorganizado, ineficaz e que não consegue chegar a lugar algum. Acredito que tenhamos aqui o mote principal do que se pode depreender ao longo de todos esses anos, desde a exibição pela primeira vez do trabalho.(1966).
Um outro aspecto que se pode assimilar no enredo, e este eu tive a particular sensação de experimentar ao assistir a comédia, é o fato de criarmos expectativas alvissareiras a determinadas situações futuras e, no desembocar de tudo darmos com os burros n’água. Foi justamente isso que aconteceu no final da trama. Tudo não passava de um engodo e o reinado almejado era uma armadilha para atrair guerreiros ‘dispostos’ a defender as terras de “Aurocastro”, de invasões externas quase que imbatíveis.
Em um recorte bem menos ficcional, em que se convencionou a chamar de realidade, podemos criar um paralelo com as nossas vidas, nossos lares, nossas empresas. Às vezes passamos anos a fio, alimentando esperança de encontrarmos nossa redenção, de finalmente atingirmos a plenitude do controle de nosso reinado, de sermos reconhecidos, respeitados ou, até mesmo percebidos e nos deparamos no final com o malogrado sentimento da decepção.
Não obstante “O Incrível Exército de Brancaleone” encerrar em diversas outras lições de moral, trata-se de uma comédia e a melhor coisa que uma comédia pode fazer é rir.