Que tipo de doença aflige o planeta? Vamos ao diagnóstico.

Se realizássemos uma anamnese, à luz do Código Internacional de Doenças (CID), que enfermidade teria o Planeta Terra?



Recentemente assisti uma entrevista de uma renomada psiquiatra e palestrante, bastante conhecida por sua presença em programas de TV, podcasts e sites por todo o Brasil. A entrevista remonta a dois anos atrás. Durante a conversa, a médica abordava, com a maior seriedade profissional, a saúde mental e física de um indivíduo que, há algum tempo, dominou o noticiário e as redes sociais. Quem não se lembra do polêmico caso do "mendigo de Brasília", que, em 2022, esteve envolvido em um episódio com uma mulher em evidente estado de vulnerabilidade mental?

Observando o caso à distância, a doutora sugeriu que o homem poderia estar sofrendo de “sífilis terciária”, uma condição avançada da doença sexualmente transmissível que, segundo ela, afeta o cérebro e provoca, em casos mais graves, delírios de grandeza. "A sífilis terciária é uma condição muito comum entre moradores de rua e frequentemente leva a essa sensação de grandiosidade", explicou. Após o episódio, o comportamento egocêntrico, histriônico e expansivo do mendigo, corroboraram com a suspeita da especialista,todavia, sendo por ela descartada ainda no decorrer da entrevista.

Mudando o foco, mas sem sair das extremidades humanas e planetárias, encontramos outra "grandeza" que, neste caso, afeta o mundo inteiro: o calor. Segundo dados alarmantes de organizações europeias de monitoramento climático, 2024 já se consagra como um dos anos mais quentes da história. Se o futuro seguir o ritmo atual, 2025 pode “vir quente, porque 2024 já está fervendo” — um plágio quase profético para o cenário climático no final do ano. A questão não é mais se o planeta está esquentando, mas como vamos nos adaptar e reverter os danos antes que essa “música” acabe.

Os números assustam de todos os lados: o Rio Acre enfrentou a segunda maior cheia já registrada, superada apenas pela de 2023. No Sul do Brasil, o desastre que atingiu o Rio Grande do Sul entrou para a lista das maiores tragédias nacionais, afetando 1,9 milhão de pessoas. Em contraste, o Rio Negro, em Manaus, atingiu o nível mais baixo desde o início das medições, em 1902. Fora do Brasil, vimos terremotos devastadores na Turquia e na Síria, o furacão Milton nos EUA, deslizamentos de terra na Índia e, pela primeira vez na história, neve cobrindo o Deserto do Saara.


O egocentrismo humano, em sua busca insaciável por prazer e poder, tratou a Terra como uma amante ocasional, explorando seus recursos de forma irresponsável e perigosa. Como em relações abusivas e sem proteção, os resultados dessa conduta são devastadores, deixando cicatrizes profundas e uma doença difícil de curar. O Planeta agora tem delírios de grandezas: Grandes tempestades, enchentes gigantescas, secas prolongadas. Uma espécie de "sífilis terciária", fruto do relacionamento promíscuo entre a humanidade e os recursos naturais. O homem violentou a natureza.