Brasil, país cujo nome deriva do Pau-brasil – árvore que remete à palavra "brasa" –, vem fazendo jus à sua origem etimológica. Hoje, não apenas carregamos esse nome, mas também ardemos literalmente em chamas, consumidos pelo fogo que devasta nossas florestas e vidas. As queimadas que destroem nosso bioma acendem mais que labaredas; elas mostram a vulnerabilidade do sistema de combate a grandes catástrofes e revelam a face nefasta e piromaníaca da mente humana.
Até os anos 1990, o termo "Meio Ambiente" era usado de forma abrangente para descrever toda e qualquer iniciativa relacionada à preservação e combate à degradação ambiental no país. Mesmo o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) era identificado, de maneira simplificada, com essa visão generalista.
Somente a partir da ECO-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente), realizada no Rio de Janeiro, o Brasil deu passos significativos na conscientização ambiental, que até então era tratada com bastante timidez. A partir desse marco, temas como Gestão Ambiental, Recursos Naturais, Energias Renováveis, Logística Reversa, Crescimento Sustentável, dentre outros, passaram a ter mais relevância e começaram a integrar o discurso e as práticas voltadas à preservação ambiental no país.
Nos dias atuais, não apenas somente as instituições ligadas à causa ambiental devem se engajar nesse combate à degradação ambiental, mas todos os setores da sociedade precisam unir esforços para mitigar os efeitos devastadores da crise climática global. Governos, grandes empresários, indústrias, empreendedores, startups e cidadãos comuns necessitam se conscientizar de que só temos um planeta, e ele tem dado sinais claros de que não suporta mais a pesada carga de destruição causada pela ação humana.
Exemplo alarmante dessa devastação é o Pantanal, a maior planície alagada do mundo, que corre o risco de desaparecer em até 70 anos, segundo o Instituto MapBiomas. Sucuris, jacarés, peixes de inúmeras espécies e uma rica biodiversidade enfrentam um destino incerto. Apesar dos avanços nas políticas de proteção ambiental, ainda nos falta uma solução clara para o caos que se desenrola diante de nossos olhos.
O mais aterrador de tudo isso, não é somente a fumaça que sufoca nossas matas, mas a indiferença dos que se valem da máxima do “quem for podre que se quebre”, enquanto a floresta agoniza e a esperança se dissipa junto as cinzas. E a nós, meros espectadores de uma tragédia anunciada, resta apenas recorrer ao poeta que suplicou: "Meu Deus, tomai conta de nós".