Alvo da PF é amigo de Rafael Fonteles e mantém contratos milionários com o governo

Bruno Santos é sócio da empresa Big Data Health Ltda, que firmou contratos milionários com o governo do Estado.

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (30) a Operação OMNI, que investiga fraudes em contratos milionários na saúde pública do Piauí. Entre os alvos está o médico e empresário Bruno Santos Leal Campos que foi preso durante a operação, e é apontado como amigo próximo do governador Rafael Fonteles (PT).

  

Bruno Santos 

   

Bruno Santos é sócio da empresa Big Data Health Ltda, que firmou contratos de alto valor com o governo do Estado. Em 2024, a empresa fechou acordo de R$ 54,1 milhões com a Secretaria de Saúde (Sesapi) para implantação de um software de gestão hospitalar valor posteriormente atualizado para R$ 108,3 milhões. No mesmo ano, também assinou contrato de R$ 9,1 milhões com a Secretaria de Segurança Pública e em agosto de 2025, foi registrado outro processo de 40,2 milhões de reais para a mesma área.


Contratos firmados entre a empresa e o governo do estado.
 

   

Veja um dos contratos: 

CONTRATO 523-2024.pdf

A PF aponta que o grupo utilizava empresas de fachada e “laranjas” para dar aparência de legalidade às contratações e desviar recursos públicos por meio de superfaturamento, manipulação de licitações e lavagem de dinheiro.

Bruno Santos, além de empresário, é vice-presidente do LIDE Piauí e mantém ligação próxima ao governador Rafael Fonteles, com quem já esteve em agendas oficiais e viagens internacionais. Em registros divulgados nas redes sociais, ele aparece em momentos de lazer ao lado do governador e da primeira-dama.

  

Amizade de Rafael Fonteles.
 

   

Além disso, Bruno Santos atua no departamento médico do Clube Atlético Piauiense, equipe de futebol recém-criada no Estado. Nos bastidores, comenta-se que o governador Rafael Fonteles teria ligação direta com a agremiação, sendo inclusive apontado como um dos possíveis sócios.

  

Bruno Santos Leal Campos e Edson Sá, presidente do Clube. 
   


Operação Omni

A ação cumpriu 22 mandados de busca e apreensão em cidades como Teresina, Timon (MA), Araguaína (TO), Brasília (DF), Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Também houve a suspensão de contratos da Sesapi e o afastamento de um servidor público suspeito de participação no esquema.

  

 

   

As apurações identificaram irregularidades na gestão do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba, e em contratos de softwares de gestão hospitalar. De acordo com a PF, havia conluio e direcionamento em chamamentos públicos para a contratação de Organizações Sociais de Saúde (OSS) responsáveis pela administração de hospitais estaduais.

Denúncias e indícios de crimes

As suspeitas surgiram a partir de denúncias encaminhadas ao Ministério Público Federal (MPF) e à CGU. O levantamento indica que os investigados atuavam de forma reiterada, repetindo fraudes em contratos já vigentes, num ciclo contínuo de desvio de recursos públicos.
Entre os crimes investigados estão superfaturamento, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e conflito de interesses.