Sexta, 05 de dezembro de 2025, 07:58

Lucas Sousa

COLUNA

CPI do rombo revela o medo dos vereadores e ecoa o alerta de Firmino

Por Lucas Sousa.

Em 2020, durante a campanha para a Prefeitura de Teresina, o então prefeito Firmino Filho, que apoiava Kleber Montezuma, alertou a população sobre “aventureiros, corsários e piratas unidos para saquear a Prefeitura de Teresina”.

O candidato de Firmino perdeu, e Dr. Pessoa, com apoio do Governo do Estado e do presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, Themistocles Filho, venceu o segundo turno, encerrando um ciclo de mais de duas décadas em que o poder se alternava entre Firmino e Sílvio Mendes.

A vitória de Dr. Pessoa foi vista como o fim do ciclo dos tucanos, mas também o início de um período conturbado. Sua gestão, embora generosa com vereadores e aliados políticos, não teve a mesma aprovação popular. Nos bastidores do Palacio da Cidade e Câmara, Dr. Pessoa foi considerado o “melhor prefeito para os vereadores”, mas nas ruas sua imagem se desgastou com o tempo. A administração de Pessoa acabou marcada por críticas, desorganização e denúncias de irregularidades.

Durante o último ano de governo, aliados começaram a abandonar o barco. Secretários deixaram seus cargos, vereadores romperam e o prefeito viu sua base se desmanchar. O resultado foi uma derrota acachapante nas urnas: mesmo com a máquina pública em mãos, Dr. Pessoa obteve pouco mais de 10 mil votos.

Com o fim da gestão, o novo e já conhecido, prefeito Sílvio Mendes anunciou que a Prefeitura estava “quebrada”. O discurso abriu caminho para a criação da CPI do Rombo, instalada na Câmara Municipal para investigar o destino dos recursos públicos na administração anterior. Nos bastidores, o que se comenta é que a CPI virou palco de disputa política.

Entre os 29 vereadores, nove foram secretários ou tiveram indicações diretas na gestão de Dr. Pessoa: Carlos Ribeiro, Carpejanne Gomes, Daniel Carvalho, James Guerra, Dudu, Draga Alana, Juca Alves, Luís André e Roncalli.

Mesmo após 13 oitivas, ouvindo ex-secretários, servidores e até o ex-vice-prefeito Robert Rios, que chegou a declarar que houve “roubo generalizado”, a comissão hesita em convocar o ex-prefeito.

O presidente da CPI, Dudu (PT), tentou esconder os nomes dos colegas que votaram contra a convocação de Dr. Pessoa, mas o relator Fernando Lima (PDT) acabou revelando. Dos cinco membros, três tiveram ligação direta com a antiga administração.

Quando a convocação foi colocada em pauta, houve empate. Dudu e Fernando Lima votaram a favor; Juca Alves e Luís André, contra. Lima desempatou e confirmou o chamado, mas o comparecimento do ex-prefeito ainda é incerto. O próprio Dudu já afirmou que “avaliará a necessidade” da presença de Dr. Pessoa, o que indica que o processo pode terminar apenas em mais um espetáculo político.

Se a CPI foi criada para investigar possíveis irregularidades: porque ser contra a convocação do ex-prefeito, qual o medo dos vereadores? Se o objetivo é mostrar transparência, por que evitar a convocação de quem chefiou a gestão investigada?

NÃO TEM COMO NÃO LEMBRAR DO QUE PODE SER UMA PROFECIA: em 2020, Firmino Filho alertou sobre os aventureiros, corsários e piratas que queriam saquear a Prefeitura de Teresina.

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