A vereadora Tatiana Medeiros (PSB) teve sua prisão preventiva mantida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI) após audiência de custódia realizada na manhã desta sexta-feira (04). A parlamentar, presa na quinta-feira (03) durante a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, foi encaminhada ao Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar, onde permanecerá detida em uma sala de Estado-Maior enquanto aguarda o andamento do processo.
Tatiana Medeiros chegou ao TRE-PI por volta das 08h30, escoltada por uma viatura da Polícia Federal. Durante a audiência, presidida pelo juiz Luís Henrique Moreira Rêgo, a defesa da vereadora solicitou a revogação da prisão preventiva, mas o Ministério Público Federal pediu vistas do pedido, o que manteve a detenção da parlamentar.
A juíza Melissa Pessoa, coordenadora do Núcleo do Juiz das Garantias do TRE, esclareceu que a audiência seguiu os protocolos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e garantiu à vereadora o direito à custódia especial devido à sua formação em Direito. "Não há qualquer irregularidade na condução desse caso. A parlamentar teve assegurados todos os seus direitos processuais, e sua detenção obedece rigorosamente às diretrizes legais", afirmou a magistrada.
INVESTIGAÇÃO
Tatiana Medeiros é investigada por suposta compra de votos com dinheiro proveniente da facção criminosa Bonde dos 40, além de possível envolvimento com organizações criminosas. A Operação Escudo Eleitoral teve sua primeira fase deflagrada em dezembro de 2024 e agora avança na apuração de crimes eleitorais ligados a grupos criminosos. Segundo a Polícia Federal, a parlamentar também está sob investigação por possível lavagem de dinheiro através do Instituto Vamos Juntos, que teria sido usado para movimentar recursos ilegais durante sua campanha.
De acordo com a PF, quatro crimes principais são atribuídos à vereadora:
Uso de ONG para captação de recursos ilícitos;
Financiamento irregular de campanha com dinheiro de facção criminosa;
Coação e manipulação de eleitores;
Fraude na prestação de contas da campanha eleitoral.
O inquérito aponta ainda que Tatiana Medeiros mantinha relação próxima com Alandilson Cardoso Passos, apontado como membro do Bonde dos 40 e suspeito de envolvimento na intermediação de recursos para a campanha da parlamentar.
DEFESA
O advogado de Tatiana Medeiros, Edson Araújo, contestou a necessidade da prisão e afirmou que a defesa recorrerá ao Tribunal Superior Eleitoral para revogar a medida cautelar. Segundo ele, a vereadora não preenche os requisitos para a manutenção da prisão, uma vez que não há risco de fuga ou de obstrução das investigações. "A prisão não se justifica. Ela não tem possibilidade de reiterar um crime que sequer existe neste momento", declarou Araújo.
A defesa também argumenta que não há provas concretas da suposta compra de votos, uma vez que a parlamentar já havia sido eleita quando as transações financeiras suspeitas ocorreram. "Compra de votos exige um candidato, e a vereadora não era mais candidata após as eleições", reforçou o advogado.
MANDATO
Além da prisão, Tatiana Medeiros foi afastada do cargo de vereadora por decisão da Justiça Eleitoral. O afastamento será mantido enquanto durarem as investigações. A Câmara Municipal de Teresina aguarda notificação oficial para convocar o suplente.
ELEIÇÃO
Tatiana Medeiros foi eleita vereadora de Teresina em 2024 pelo PSB, conquistando 2.925 votos. Durante o registro de sua candidatura, declarou à Justiça Eleitoral que não possuía bens em seu nome e arrecadou R$ 38.881,00 para sua campanha, sendo a principal financiadora com uma doação pessoal de R$ 12 mil.
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