Na perspectiva sociológica, o comportamento dissimulado é uma conduta comum nas relações sociais, inclusive no mundo da política. Esse comportamento social se caracteriza por ser intencional, pensado e objetivado. Portanto, não há inocência ou engano na dissimulação interpessoal, mas, sim, uma intenção deliberada de atingir o resultado desejado.
De outro modo, na psicologia social, o comportamento dissimulado refere-se à falsidade, inclusive no mundo da política, onde um indivíduo omite suas verdadeiras intenções, sentimentos e pensamentos para manipular, enganar ou tirar proveito de outras pessoas e de situações, visando um benefício próprio.
Assim, após o impacto negativo do oportunismo da “PEC do banditismo”, muitos parlamentares se travestiram de melindres para dissimular o “voto sim” e se desculpar com a população. Porém, isso não muda em nada a intenção do voto dado a favor da consolidação da impunidade, privilégios e desigualdade.
Pois, não há mais como voltar atrás da ocultação das verdadeiras intenções corporativistas dos parlamentares que votaram pelo sim à “PEC do escárnio”. Até porque o “voto sim” foi, intencionalmente, usado como instrumento de dissimulação para alcançar benefícios próprios, de forma premeditada.
Desse modo, para o censo crítico da sociedade, o comportamento dissimulado dos parlamentares – da direita, da extrema-direita, do “centrão” e da esquerda política no Brasil – pelo “voto sim” fez uma diferença entre o que é dito ou mostrado e o que é real, com o indivíduo sendo fingido e falso.
De fato, essa conduta gerou uma profunda insegurança, estresse e baixa autoestima na relação entre o eleitorado e os “deputados minudentes da PEC”. Não na Política, mas na politicagem à serviço dos próprios interesses – isto é, manipulação e engano com foco no próprio interesse.
Por isso, o pedido de desculpas de parlamentares pela conduta intencional do “voto sim” na “PEC da delinquência” deve ser dado nas urnas, em 2026, com um sonoro “voto de nunca mais”, como forma de passar o Brasil a limpo, a partir do Parlamento – federal, estadual e municipal. Sem necessidade de ódio, de rancor, de remorso, mas com um profundo senso de justiça.
Logo, o sonho de um país melhor se constrói com um voto consciente, ou seja, pensando nos interesses coletivos e excluindo da política aqueles indivíduos que se movem com um comportamento dissimulado nas relações pessoais e políticas. O “político dissimulado” impacta negativamente na confiança do eleitorado, gerando insegurança e promovendo estresse na vida em sociedade.
Porém, não existe um “político perfeito”, mas o “político coerente”, que age em defesa dos interesses coletivos, acima dos próprios interesses. O “político incoerente” usa a dissimulação como um ato consciente de manipulação, para falsear a realidade e alcançar interesses pessoais, o que torna-o, por vezes, perigoso sob uma imunidade parlamentar.
Aqui, não se trata de demonizar o “político incoerente”, mas de construir um parlamento no Brasil, onde agir com um comportamento dissimulado não seja uma regra para atuar e se manter na política. O “político incoerente” é sempre uma pessoa dissimulada, que revela no “voto sim” ou no “voto não” os seus mais verdadeiros objetivos, escondendo o que realmente pensa e sente, antes de estar e quando estar invertido no cargo.
Portanto, em 2026, caberá ao eleitorado brasileiro ponderar e restaurar a dignidade na política, sabendo separar o “equívoco de entendimento” da “intenção dissimulada”. Ou seja, àqueles que votaram na “PEC do banditismo”, a melhor resposta será na urna com o voto de “nunca mais”