No próximo dia 6 de outubro, os eleitores dos mais de 5 mil municípios brasileiros terão mais uma oportunidade de fazer a justiça política: com o seu voto, mudar ou arruinar o destino da cidade (da polis). Pois, a justiça social e a justiça política são interdependentes, dissocia-las é ceifar a cidadania e gerar danos irreparáveis à sociedade (à polis).
Parto do princípio de que, a vida em sociedade é constituída e perpassada por várias dimensões. Mas, aqui foco na educação – especialmente, a educação básica, que é responsabilidade dos municípios, sendo direito de todos, visando ao pleno desenvolvimento das pessoas, para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (art. 205, CF/88). É o eleitor que escolhe o gestor.
A polis (ou cidade estado) na concepção política de Aristóteles, possui legitimidade ao atinge o bem comum, isto é, ao realizar a natureza humana e a felicidade de seus cidadãos. Para ele, a justiça possui dois elementos: 1) por um lado, inserido numa perspectiva política, justiça enquanto boa disposição da polis; e 2) por outro, numa perspectiva ética, justiça enquanto virtude de caráter.
No Brasil, muitos dos candidatos a cargo majoritário (ou prefeito) não tem noção da responsabilidade de gestar uma cidade. Por isso, pode-se avaliar um gestor e uma gestão pública a partir da transparência, da importância e do modo como trata a “coisa pública” – no caso, a educação básica: “amigo” ou “inimigo” da educação. E o eleitor julgar nas urnas.
Por que a educação é importante? Porque é essencial para a formação do cidadão e a transformação da sociedade. Ela é a responsável pela dinamização do conhecimento e pelo desenvolvimento de habilidades úteis para a atuação do indivíduo em sua comunidade.
Na cidade em que há um “bom gestor” em educação, a população tem um “amigo da educação”. Na cidade onde existe um “péssimo gestor” em educação, a população tem um “inimigo da educação”. Por exemplo, abrir ou fechar escolas, ou descuidar do bem-estar dos alunos ou desvalorizar os profissionais da educação, isto define e separa um gestor “amigo da educação” de um gestor “inimigo da educação”.
Longe de qualquer achismo ou julgamento pessoal, todo gestor público que se coloca na condição de “inimigo da educação” traz consigo a frustação e/ou ojeriza para com a escola e a educação. Ou seja, desconsidera que a educação é fundamental para o desenvolvimento social em diversas áreas – economia, cultura, política, ciência, tecnologia etc.
Um gestor “inimigo da educação”, por vingança e raiva do ambiente escolar não admite, intencionalmente, que a educação é uma forma de enfrentar a desigualdade social e econômica dos municípios, o que proporciona uma igualdade de oportunidades para todos os indivíduos – os que votaram e os que não votaram nas eleições municipais.
O “inimigo da educação” regozija-se no descaso com a educação, no ódio à escola, na falta de priorização política, nas desigualdades sociais, na falta de acesso igualitário, na desvalorização dos profissionais da área, na corrupção, na falta de participação da sociedade civil e na ausência de valorização de saberes e do conhecimento disponibilizado.
Conforme o educador Paulo Freire (1921-1997) – Patrono da Educação Brasileira –, o sujeito aprende para se humanizar e aprender é complemento da formação do sujeito como humano. O “inimigo da educação” não entende que, “[...] se aprende na relação com o outro, no diálogo com outro, na aproximação dele com os saberes e o conhecimento do outro. Por isso, quanto mais escolas abertas mais espaços de sociabilidade, mais ensino; mais saberes e competência profissional; mais estímulo à capacidade crítica; mais conteúdos e atitudes éticas.