Diante do contexto político do momento, apenas com um entusiasmo egoico em redes sociais, o Partido dos Trabalhadores (PT) poderá, no Piauí, ser surpreendido com as derrotas de muitos candidatos majoritários e proporcionais nas eleições municipais de 2024, que prenunciarão o futuro das eleições 2026.
Diz Max Weber (2001, p. 33), em Ciência e Política, “[...] a inspiração não substitui o trabalho, mas este, por seu turno, não pode substituir nem forçar o nascimento da intuição, o que o entusiasmo também não pode fazer. No entanto, o trabalho e o entusiasmo fazem com que brote a intuição [...]”.
Nesse sentido, urge que a parte do “PT de entusiasmo egoico”, antes que seja tarde, se alinhe a parte do “PT de pé-no-chão”, ou seja, trocar a ilusão da política pela razão na política. Sob pena do partido receber um “loop político” da futura conjuntura partidária de coalizão PP/MDB/PSD/PL/Republicanos unidos a neopetistas de linhagem bolsonarista, nos vinte maiores colégios eleitorais.
Outro detalhe, mesmo sendo em colégios eleitorais menores, é que 11 dos 224 municípios do Piauí terão apenas um candidato a prefeito, sendo seis do MDB, quatro do PSD e um do PT (Bela Vista do Piauí). Assim, o “jogo eleitoral nos municípios” se inicia com 10 a 1, para a futura conjuntura partidária de coalizão sobre o PT: atentai bem!
De um lado, o “PT de entusiasmo egoico” – p.ex. Parnaíba, Campo Maior, Picos, Floriano, Barras – acredita, erroneamente, que somente o uso da imagem e as aparições pontuais do governador Rafael Fonteles sejam suficientes para vencer uma eleição municipal de disputas acirradas.
Por outro lado, temos o “PT de pé-no-chão” – p.ex. Altos, José de Freitas, Cocal –, apostando no diálogo com o povo, as lideranças populares e nas caminhadas diárias, mobilizando a militância com trabalho e o entusiasmo.
Para o Mestre Sun Tzu (2001, p. 73), na obra A arte da guerra, “[...] normalmente, quando há um exército a utilizar, o general recebe as suas ordens do seu soberano, concentra tropas e procede a mobilizações. Transforma suas forças num todo harmonioso e acampa-as”. Em cotejo com o contexto político municipal, em muitas cidades, não bastará a utilização da imagem e visitas pontuais do governador para mobilizar a militância e consolidar uma vitória petista nos municípios.
Pois, em muitas cidades há uma situação sui generis, onde existem candidatos a prefeito apoiados por neopetistas da base aliada e a vereador, com cargos no governo, trabalhando contra os candidatos majoritários do PT numa espécie de “sabotagem amiga”.
A parte petista do “entusiasmo egoico” engana-se ou esquece que, nas eleições municipais não há vitória sem o emprego de recursos e o apoio direto dos dirigentes do partido aos candidatos majoritários e proporcionais.
Cito dois casos emblemáticos – p.ex. Parnaíba e Altos – de confrontos entre os petistas e o clã bolsonarista, que mostram, por um lado, o risco de derrota do PT para a coalizão de linhagem bolsonarista. E noutro, a possibilidade de uma vitória histórica, com apoio popular e o trabalho da militância petista.
No litoral, Dr. Hélio se debate com o popularismo “mãosantista” para evitar a derrota. Mesmo com recursos e apoio partidário, falta-lhe empatia popular. Em Altos, mesmo sem recursos e apoio partidário, lutando contra neopetistas de linhagem bolsonaristas, Warton Lacerda conseguiu organizar e mobilizar a militância para derrotar um bolsonarista, gerando uma onda vermelha na cidade.
Portanto, sabe-se que a conquista do poder local vai além de uma disputa egoica de redes sociais, o uso da imagem e as aparições pontuais do governador.