A prisão do general Braga Netto – da reserva do Exército, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022 – se deu por tentar obter os dados sigilosos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como forma de obstruir as investigações. Ele é uma peça-chave no plano de golpe de Estado, depois do resultado das eleições presidenciais de 2022. E é o primeiro general de quatro estrelas – o mais alto da carreira militar –, talvez não o último, preso no Brasil.
De acordo com a PGR, há provas suficientes “de autoria e materialidade dos crimes graves cometidos” por Braga Netto, por isso teve a prisão mantida em audiência de custódia. Trata-se de fato gravíssimo, pois na hierarquia das Forças Armadas, as estrelas do general simbolizam o “nível de responsabilidade e de autoridade do oficial”. Sendo responsável por decisões estratégicas e pelo comando de grandes operações ou unidades militares em âmbito nacional.
Nos bastidores da “necropolítica” – criado em 2003 pelo filósofo camaronês Achille Mbembe, conceito que descreve como, nas sociedades capitalistas, o Estado define quem deve viver, quem deve morrer e como deve ser sua morte – juntaram-se a iniquidade do “Rei milico” com a ambição desmedida de poder das “raposas lesa-pátria” do general Braga Netto (e seus asseclas da caserna), mancomunando-se com a vil alienação dos “ratos” (civis travestido de verde-amarelo), para a desmoralização o sistema eleitoral e planejar a abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Onde todos se engajaram na trama golpista, buscando saciar o ódio à esquerda, o vício de expropriar o erário e a vontade de usurpar o poder do povo para si, em detrimento do bem-comum e da paz social. Como parte do plano de golpe de Estado, depois de derrotado nas urnas, o “rei nu” fugiu para os Estados Unidos, para dá a entender que tudo foi tramado como se fora obra de um acaso ou de um sem querer, sem anuência daquele que, na verdade, é o líder da empreitada golpista.
Na verdade, trata-se de uma “criminosa ação golpista”, a partir de uma “deliberada decisão política”, dentro de um “perverso jogo do poder partidário”, planejado nas alcovas do Planalto e financiado por terceiros. Logo, sabotar o sistema político-eleitoral como parte de um plano de golpe de Estado, não é uma brincadeira, um ato banal e/ou de ingenuidade contra o povo brasileiro – visto como bobos, otários ou bestializados –, que pode ser manipulado por discursos de ódio e/ou de golpistas travestidos de patriotas.
As evidências e provas nas investigações da Polícia Federal confirmam a trama golpista de abolição violenta do Estado Democrático de Direito no Brasil, capitaneado pelo “rei milico” (reformado do Exército, em 1988). Onde Braga Netto estava na coordenação e execução da intentona criminosa, que incluía a subutilização dos “kids pretos”, como serviçais do crime para a empreitada do assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
Portanto, anistiá-los é negar a defesa dos interesses diversos da sociedade brasileira, um elogio ao crime planejado e um incentivo aos falsos patriotas na necrofilia política brasileira, que tentaram o golpe de Estado por meio de uma organização criminosa.