A Justiça Federal do Piauí, por meio da 3ª Vara Federal, determinou nesta sexta-feira (03) a soltura dos empresários Bruno Santos Leal Campos e Nemesio Martins de Castro Neto, que foram presos durante a Operação OMNI, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 30 de setembro contra a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), que apura fraudes milionárias em contratos da saúde pública.
Nemesio Martins de Castro Neto é ligado à empresa Big Data Health e ocupa posições de destaque em várias companhias. Ele figura como sócio da Diag Laboratorial e Hospitalar, diretor da Matriz Empreendimentos S.A., diretor da Vitalis Sociedade e Participações Holding S.A., presidente da Essência Saúde S.A., sócio-administrador da Solab - Soluções para Laboratório, da Nemos Empreendimentos Administrativos Ltda. e da Connecthe Tecnologia Ltda.
Já Bruno Santos Leal Campos, também ligado à Big Data Health, é médico e empresário com atuação em diferentes setores. Ele ocupa a vice-presidência do LIDE Piauí - Grupo de Líderes Empresariais e integra o departamento médico do Atlético Piauiense. Graduado em Medicina pela Faculdade Integral Diferencial em 2015, possui especialização em Atenção Básica pela UFMA e residência médica em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, concluída em 2019.
Além da carreira profissional, Bruno Campos é membro de diversas sociedades médicas nacionais e internacionais, como a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte (SBRATE), Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO), Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho (SBCJ), Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH), Associação Brasileira de Medicina Preventiva e Administração em Saúde (ABRAMPAS) e Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos (AAOS). Ele também concluiu MBA em Gestão em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas, entre 2019 e 2021.
Como funcionava o esquema
As investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU/PI) apontam que os alvos utilizavam empresas de fachada, conhecidas como “laranjas”, para dar aparência de legalidade a contratos firmados com a Sesapi e a Fundação Municipal de Saúde (FMS). Essa prática possibilitava o repasse de recursos públicos a pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo, dificultando a identificação da real destinação do dinheiro.
Os levantamentos indicam ainda que os investigados repetiam o esquema criminoso em diferentes contratos. O método consistia em utilizar a máquina pública para firmar acordos milionários, inflar valores por meio de superfaturamento e, em seguida, direcionar os recursos para empresas sob seu controle. As apurações apontam envolvimento de contratos relacionados à gestão hospitalar, fornecimento de softwares e serviços de saúde.
Operação OMNI
A Operação OMNI teve como foco desarticular os esquemas de fraudes e contou com o apoio da CGU e do Tribunal de Contas do Estado (TCE/PI). Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão em cidades como Teresina, Timon (MA), Araguaína (TO), Brasília (DF), Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Curitiba (PR). Os agentes recolheram documentos, equipamentos eletrônicos e registros contábeis que serão analisados no curso do inquérito.
Durante a deflagração, a Justiça Federal também determinou a suspensão de contratos da Sesapi e o afastamento de um servidor público suspeito de integrar o esquema. As suspeitas incluem conluio e direcionamento em processos de chamamento público para a contratação de uma Organização Social de Saúde (OSS) encarregada da administração de hospitais estaduais.
Entre os locais investigados, está o Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba. Segundo a Polícia Federal, há indícios de irregularidades em contratos voltados tanto para a gestão hospitalar quanto para a aquisição de softwares de saúde. O esquema teria movimentado milhões de reais e envolvia pagamentos indevidos a empresas beneficiadas pelo grupo.
As denúncias que deram origem à operação foram encaminhadas à CGU e ao Ministério Público Federal. De acordo com os órgãos de controle, os indícios revelam práticas como superfaturamento, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e conflito de interesses em contratos públicos.