As homenagens a Silvio Santos parecem mais exéquias a um formato de televisão que cambaleia, do que meros tributos a um apresentador bem-sucedido. Ele foi o último grande remanescente de uma era televisiva marcada pelo telefone fixo, pelas TVs de tubo, pelo mesmo filme exibido duas vezes na mesma noite, pelas pegadinhas, pelas cartas escritas à mão e pelos shows musicais. Silvio Santos foi para a comunicação o que Pelé foi para o futebol; e, inversamente, Pelé foi o Silvio Santos dos campos.
Essa analogia nos leva a uma reflexão intrigante: muitos afirmam que, se Pelé jogasse no futebol moderno, talvez não tivesse o mesmo desempenho que na sua época áurea. Será que o mesmo poderia ser dito de Silvio Santos e sua genialidade televisiva em um mundo dominado pela internet?
O jornalista Pedro Bial sugere que Silvio soube a hora certa de sair de cena, justamente quando a televisão enfrenta uma transformação profunda e ainda busca seu rumo diante da concorrência desleal com a internet. Essa transformação parece assinalar o fim de uma era, em que as homenagens a Silvio não são apenas a ele, mas também a um formato de entretenimento que foi grandioso em seu tempo, mas que hoje luta para se manter relevante.
Assim, as celebrações a Silvio Santos vão além do reconhecimento a um ícone; elas marcam a despedida de uma televisão que moldou gerações, mas que agora enfrenta os desafios de um mundo digitalizado, onde as regras do jogo mudaram para sempre.
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