A POLÍTICA DE FAKE NEWS - Xadrez na Política
Quinta, 21 de novembro de 2024, 05:48

Xadrez na Política

XADREZ NA POLÍTICA

A POLÍTICA DE FAKE NEWS

O Congresso Nacional brasileiro manteve veto ao dispositivo que criminalizava a disseminação de fake news em eleições.

ARNALDO EUGÊNIO

DOUTOR EM ANTROPOLOGIA

Em sessão conjunta da Câmara e do Senado, na terça-feira (28/05), o Congresso Nacional brasileiro manteve veto ao dispositivo que criminalizava a disseminação de fake news em eleições. Desse modo, o parlamento brasileiro corrobora o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro aos crimes contra o Estado Democrático de Direito, incluindo o fake news em campanhas eleitorais.

Intencionalmente, e a despeito do interesse da maioria da população, o Congresso Nacional instituiu a “política de fake news”, que nivela as relações interpartidárias, e até interpessoais em sociedade, com base na banalidade - frivolidade, futilidade, insignificância, nada, trivialidade, vulgar, vulgaridade, vulgarismo, falsidade, fraude, inverdade – contribuindo com a degeneração da Política e cisão da democracia.

A “política de fake news” é uma prática que se organiza a partir do que há de mais sórdido e obscuro para alcançar o poder, se utilizando, como subterfúgio de suas falácias, a ideia de liberdade de expressão ou de opinião. É aquele tipo de política com base em fraudes e mentiras protagonizadas por um grupo de pessoas organizadas, e legalmente formalizados, numa associação orientada para ocupar o poder político.

Primeiro, a manutenção do veto pelo Congresso Nacional ao dispositivo que criminalizava a disseminação de fake news em eleições, contrário do que muitos pensam, não se trata de uma derrota do governo Lula, mas de um ato insano da oposição, com o auxílio e apoio do “Centrão”, para não estabelecer como crime a disseminação de notícias falsas.

Isto é, a oposição política ao governo Lula não priorizou o interesse de lisura política do povo brasileiro nem a democracia, pois institucionalizou a mentira nas interações partidárias, e principalmente nas eleições e nas relações interpessoais.

Segundo, é mentira ou uma farsa justificar a ideia de liberdade de expressão ou de opinião para legitimar a “política de fake news”. Pois, a liberdade de expressão está ligada ao direito de livre manifestação do pensamento com responsabilidade, possibilitando ao indivíduo emitir suas opiniões e ideias ou expressar atividades intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação, sem interferência ou eventual retaliação do governo. Por isso, a “liberdade de expressão” não pode ser confundida com o direito de mentir, falsear, fraudar, ferir, linchar alguém que pense diferente.

Na prática, o que se avizinha nas próximas campanhas eleitorais, e inclusive muitas relações interpessoais, é uso sem controle do fake news, como forma de destruí a imagem e a honra de adversários ou alheia: “cancelamento virtual”. A cultura do cancelamento é um linchamento virtual - linchamento ou linchagem -, que é o assassinato de uma ou mais pessoas cometido por uma multidão com o objetivo de punir um suposto transgressor.

Terceiro, na “política de fake news”, que se utilizará da mentira e da “cultura do cancelamento”, não há lugar para a decência ou escrúpulos nos seus adeptos, que não medirão consequências para alcançarem o poder, inclusive, se necessário, a eliminação física dos seus adversários. Ou seja, a maioria da atual legislatura do Congresso Nacional se mostrou inconfidente, golpeando pelas costas a população, ao institucionalizar no país a banalização da política.

Portanto, podemos está assistindo, muitos incrédulos e outros alheios aos fatos políticos, à institucionalização da “banalidade do mal” - é uma expressão criada por Hannah Arendt. A banalidade do mal no Brasil pela “política fake news”, entre outras formas, já está nos discursos de ódio velados de liberdade de expressão nas mídias digitais.

Leia Também

Dê sua opinião: