Mesmo considerando os percalços políticos e o curto tempo para o dia das eleições, um rearranjo da “entrada” do governador Rafael Fonteles nas eleições municipais ainda pode mudar o jogo político nos maiores colégios eleitorais do Piauí, suprindo as expectativas por parte da base aliada e, principalmente dos candidatos majoritários do PT.
É uma tarefa fácil? Claro que não. É uma missão impossível? Não. É tanto possível quanto necessária. Para tanto, há apenas 15 dias para as eleições, urge que medidas emergenciais de contenção e reversão sejam adotadas nos vinte maiores colégios eleitorais. Sob pena de assistirmos a uma derrota esmagadora de Rafael Fonteles, que impactará na sua reeleição, e na de Lula, em 2026.
Primeiro, é necessário reconhecer a estratégia errada em função do modo tardio com que Rafael Fonteles “entrou” nas eleições municipais. Segundo, o governo tem domínio legítimo sobre os condicionantes e os cargos do estado nos municípios. E, terceiro, o PT tem como mobilizar a militância e dá as condições para que os candidatos majoritários vençam as eleições municipais contra os bolsonaristas, muitos deles apoiados por parlamentares neopetistas – ou seja, o inimigo mora em casa.
Primeiro. Persistir na estratégia errada de “entrada” de modo tardio de Rafael Fonteles nas eleições municipais e que apenas explorando a sua imagem garante uma eleição é pedir para se enganar ou nadar e morrer na praia – como pode acontecer em Parnaíba.
Segundo. O governo deve usar da dominação legítima, ou seja, exercer “a probabilidade de encontrar obediência para ordens específicas (ou todas) dentro de determinado grupo de pessoas”. Pois, a dominação (que é legitimada pela aceitação) confere a autoridade a quem exerce o poder" (Weber, 2009).
Para as eleições municipais, os motivos e as lembranças das inovações do governo de Rafael Fonteles não são suficientes, por si, para garantir a vitória dos candidatos petistas. Porém, se o governo e o PT ouvirem as bases locais e fidelizarem os “detentores” de cargos nos municípios, saberão como agir de forma enfática para dá o suporte que os candidatos majoritários e proporcionais necessitam. Assim, Rafael Fonteles mudará o jogo e a vitória é construída.
Por exemplo, em Altos – 5º maior município do Piauí –, Warton Lacerda (PT) está numa disputa quase solitária, mas aguerrida, contra um bolsonarista raiz, que zomba do PT, de Rafael e de Lula, como se já contasse com uma impotência e/ou conivência política do partido e do governo. Mas, se Rafael Fonteles e o PT fizerem o que precisa ser feito – entrarem, de fato, na campanha eleitoral! –, o time de Warton Lacerda e o povo de Altos darão uma vitória histórica ao governo petista, a despeito da sabotagem de aliados neopetistas.
Em Altos, Rafael Fonteles é o fiel da balança, se quiser ganhar a eleição, deverá atuar como um cavaleiro e não como um guerreiro. Isto é, alavancar a vitória e não se perder em narrativas vãs, apostando apenas na força da própria imagem e nos feitos do seu governo.
Terceiro. Sob uma perspectiva de Maquiavel (1997), nos próximos 15 dias que antecedem as eleições municipais, o foco único do PT e de Rafael Fonteles deve ser a vitória. Para tanto, a estratégia emergencial é usar o poder legítimo do governo e do partido, para consolidar a vitória. Segundo Weber (2009), "o poder independe da aceitação das pessoas do exercício da vontade" (Weber, 2009).
Portanto, a questão central não é massagear o ego de filiados ou dirigentes locais, mas ganhar as eleições, assegurar o poder político do partido e do governo nos municípios. Pois, nenhum partido ou governo se sustenta sem poder e sem representação política nos municípios.
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