Quinta, 19 de junho de 2025, 03:12

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COLUNA

Mais um europeu aportou no Brasil com promessas. Já vimos esse jogo?

Por Maurício Lopes

As esperanças se renovaram no Brasil! Mas, um instante… estou falando das esperanças da Seleção Brasileira de Futebol, que recentemente abriu os braços — como o Cristo Redentor em seus 38 metros de envergadura — para receber mais um técnico multicampeão. Pelo menos, é o que dizem os sites especializados e os boleiros de plantão.

O novo comandante chega ao Brasil com ares de CEO global: postura de executivo, discurso de mentor e promessa de resgatar potenciais adormecidos — quase como um consultor internacional contratado a peso de ouro para recuperar uma empresa à beira da irrelevância, em um mercado que não perdoa amadorismo.

As reações à sua chegada pipocaram por todo o país, como se vê nas redes sociais, nos jornais eletrônicos e nas eternas mesas-redondas da TV. Já um técnico brasileiro, com histórico respeitável, reclamou da imprensa esportiva, acusando-a de ser a maior desmotivadora do talento nacional. A crítica, confesso, me fez enxergar mais uma ponte entre o mundo corporativo esportivo e o tradicional.Sim, porque sempre que um “consultor” chega de fora — seja de outro estado, cidade ou país — surge aquela resistência automática, quase um instinto de defesa do ambiente corporativo: “Só veio pra roubar”, “Vai fazer o que já sabemos fazer”, “Esses empresários adoram pessoas de fora, mesmo que sejam enroladores.”

A Seleção Brasileira ainda está longe de ser uma empresa em falência. Temos história. Temos camisa. Ainda carregamos o brilho do nosso pentacampeonato mundial, mesmo que coberto por uma fina camada de poeira e decepções recentes. Mas o mundo girou — e rápido. Países antes periféricos no futebol hoje caminham com passos largos, impulsionados por uma gestão profissional e investimentos inteligentes.

É neste cenário que chega ele: Carlo Ancelotti. Com seu currículo vitorioso, sua fleuma italiana e uma missão quase messiânica: devolver ao Brasil o protagonismo no esporte que consagrou Pelé, Zico, Ronaldo e tantos outros. O torcedor comum parece ter abraçado sua chegada. Há uma fagulha de otimismo, um chauvinismo saudável, quase esquecido. É o renascer de uma expectativa — ainda que tímida — de que, sim, podemos voltar ao topo.

A ele foi dada a façanha: fazer o futebol brasileiro gigante outra vez. E, cá entre nós, esperamos que Ancelotti não seja apenas mais um europeu a se encantar com nossas belezas naturais enquanto extrai daqui o que puder, como se estivesse num safári tropical disfarçado de missão técnica. Que ele se inspire não nos europeus da Pátria Lusitana que aqui aportaram em 1500, mas naquele britânico que, em 1894, trouxe a bola e a ideia de jogo. Que não mine nossas riquezas em nome de um projeto colonial, mas que nos ajude a minerar, enfim, o tão sonhado Hexa.

Make  Canarinho Great Again.

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